<strong><em>ENTREVISTA, PARTE I -</em></strong> Numa entrevista longa e em exclusivo a O JOGO, Fábio Coentrão fez uma viagem pela sua carreira, com passagens de glória e outras nem tanto, por Benfica, Real Madrid, Sporting e, claro, o seu amado Rio Ave.
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O jogador caxineiro já tinha decidido encerrar a carreira, mas "o bichinho" falou mais alto e acabou por regressar aos relvados após um ano sem jogar para ajudar a formação vila-condense
Depois de um ano sem jogar, o que levou a regressar ao Rio Ave?
-Quando estive aqui, há dois anos, senti-me bem, fiz uma época boa e no final acabei por receber várias propostas, como toda a gente sabe, e uma delas, que era aquilo que eu queria, infelizmente, por vários motivos, que não quero comentar, deu errado. Na altura, fiquei um pouco chateado com a situação e resolvi ficar parado, pensando mesmo que iria deixar o futebol. Mas ao ver jogos em casa, o bichinho começou a pegar e senti a necessidade de voltar a jogar. Nada melhor do que voltar à casa onde tudo começou.
Quando diz que não correu bem a saída para um clube, está a referir-se a qual?
-Não quero falar nisso. Ficou para trás e agora temos uma vida nova. Sinto-me como no primeiro ano em que comecei a jogar à bola, aos dez anos de idade, tenho essa mesma motivação e é com isso que vou agarrar este novo ciclo.
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O presidente António da Silva Campos revelou que a iniciativa de regressar ao Rio Ave partiu de si. Como é que foi esse processo?
-Depois de um ano parado e com 32 anos, não é fácil para nenhum jogador regressar e todos os clubes pensavam que eu já tinha deixado o futebol. Resolvi voltar depois de tomar a decisão em conversa com a minha família, pois os meus filhos pediam-me muito para voltar a jogar à bola. Como é óbvio, disse-lhes que sim. Tive que dizer às pessoas que o meu pensamento tinha mudado e que queria voltar a jogar. Falei com o presidente do Rio Ave e disse-lhe que, se precisasse de um lateral, estaria disponível.
O que poderá acrescentar à equipa do Rio Ave?
-Acho que posso acrescentar muita coisa. Sei da qualidade que tenho, mas também sei que tendo estado parado um ano, não é fácil. Terei que trabalhar bastante e esforçar-me, como tenho feito até aqui. Estou com muita vontade e sinto-me como no primeiro dia que entrei no Rio Ave. Essa motivação vai fazer com que possa ajudar muito a equipa. Fiquei com um sabor agridoce na estreia, porque fiz uma exibição positiva e vencemos, mas não contava lesionar-me. Se calhar, quis apressar um pouco as coisas, mas sentia-me bem e até poderia estar um ano a jogar e acontecer uma lesão. Tenho que trabalhar o dobro para que isso não volte a acontecer.
Presumo que esteja com uma tremenda fome de bola...
-Bastante fome de bola, mesmo.
Tem saudades de fazer um golo?
-Tenho bastante saudade. Acredito que esta época vou fazer vários. O último golo foi pelo Sporting, ao Boavista, de cabeça.
Olhando para o plantel, o que poderá o Rio Ave fazer esta temporada?
-Hoje em dia toda a gente olha para o Rio Ave com outros olhos. No ano em que estive parado, dava gosto ver esta equipa a jogar e muitas vezes estava em casa e sentia um pouco de inveja ao ver esta equipa a jogar por não estar lá dentro, mas é um orgulho enorme ver como está este clube. Lembro-me bem quando entrei no Rio Ave, o clube passou por fases muito complicadas e, muitos de nós, ajudámos a partir muita pedra para que, hoje em dia, possa ter este sucesso. Depois, graças a esta Direção e ao atual presidente, meteram o clube onde tem que estar e para todos os que ajudaram a partir pedra é um orgulho imenso ver o Rio Ave entre os seis melhores clubes portugueses.