Ex-colegas Pancaro e Paolo Negro e o jornalista Guido de Angelis falam da ligação especial de Conceição com os "biancocelesti" e não se espantariam se, no futuro, voltasse ao Olímpico como treinador da casa.
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O "amigo Conceição", como se cantou vezes sem conta na Curva Nord entre 1998 e 2000, inspirado num famoso tema de Benito de Paula, volta quinta-feira ao Olímpico para defrontar o clube pelo qual se enamorou em Itália.
Embora tenha passado pelo Parma e também pelo Inter, a ligação entre Sérgio e a Lázio sempre teve o seu "quê" de especial. Afinal, o agora treinador do FC Porto conquistou o coração dos "laziale" com um golo logo na estreia, contra a Juventus, que deu a Supertaça de Itália de 1998 à equipa da capital.
Foram duas épocas douradas, concluídas com a conquista do "Scudetto" em 2000, título que fugia aos "biancocelesti" desde 1974 e que não voltaram a conquistar entretanto. Como treinador, Conceição já voltou a Itália, onde nunca venceu, mas saiu com motivos para festejar, eliminando a Roma e a Juventus da Champions e, esta época, empatando no San Siro com o Milan.
O regresso ao Olímpico será, contudo, ainda mais especial, como o de um ídolo ou de um filho que volta a casa, mesmo estando agora do outro lado da barricada e com fortes possibilidades de acabar com o sonho da Lázio na Liga Europa. Aliás, já no Dragão se viu um pouco dessa ligação que parece inquebrável pela forma como os "tiffosi" aplaudiram o treinador. "O Sérgio [Conceição], como todo aquele grupo que venceu o campeonato, continua no coração dos adeptos. Estou convencido de que o vão receber como a todos: muito bem", antecipa a O JOGO Pancaro, que tantas vezes partilhou o flanco direito com o antigo internacional português. "Era a ala dos sonhos. Quando o Sérgio cruzava, a bola parecia um anjo em pleno voo para os avançados. O relacionamento que criou com os adeptos, belo e sincero, também foi ditado pelo seu caráter, com humildade, simplicidade e disponibilidade", explica, por sua vez, Guido de Angelis, jornalista radiofónico assumidamente adepto do emblema romano e para quem Conceição "definiu uma época que o clube viveu de forma fantástica". "O Sérgio deixou ótimas recordações. Ninguém se esquece de quem deu tanto pela camisola da Lázio. Os aplausos no primeiro jogo já foram merecidíssimos", sustenta Paolo Negro, que em algumas ocasiões também fez dupla na direita com o agora técnico.
Regresso para treinar? Quem sabe... no futuro
A ligação sentimental de Sérgio Conceição com a Lázio, de resto, não se percebe apenas pelas palavras elogiosas que dirigiu ao clube antes do jogo da primeira mão do play-off. Há quatro anos, quando se preparava para defrontar a Roma, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, o treinador puxou da rivalidade na cidade eterna para dar uma alfinetada nos "giallorossi". "Continuo sempre a dizer "Forza Lázio"", atirou. Com tantas juras de amor, será que não acabará por voltar um dia para treinar o clube? "No futebol nunca se pode dizer nunca", lembra Negro. "É um treinador ainda jovem, que está a sair-se muito bem e é seguro que ama a Lázio", justifica. "Tenho a certeza de que todos os adeptos ficariam encantados em tê-lo como treinador", acrescenta Pancaro. Contudo, os dois antigos companheiros de Sérgio partilham da mesma opinião de Guido de Angelis: o presente é com Maurizio Sarri. "Conceição, Simeone, Mihailovic... São muitos os treinadores que poderiam treinar a Lázio. Seria belo revê-lo no banco dentro de alguns anos, mas Sarri começou agora o percurso", sublinha o jornalista.