As emissões de rádio, o cabelo pintado e outras histórias de Conceição na Lázio
Treinador do FC Porto é recordado em Itália pela humildade e seriedade.
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Da passagem de Sérgio Conceição pela Lázio não sobram apenas as fintas, os cruzamentos, os golos e os títulos que conquistou.
O agora treinador do FC Porto é recordado por Pancaro como uma pessoa "com grande personalidade e muito inteligente". Mas não só. Na altura já exibia traços da seriedade com que hoje gosta que os jogadores abordem o trabalho, ao ponto de isso ter motivado algumas brincadeiras no balneário. "Como ele estava sempre sério, colocávamos muito a tocar a música "Tristezza", da Ornella Vanoni. Fazíamos muito isso em dias de jogos para brincar com ele", conta a O JOGO Paolo Negro, enquanto solta umas gargalhadas e avança para o momento mais caricato que viveu com o ex-companheiro. "Quando vencemos o "Scudetto", fomos todos ao barbeiro para pintar o cabelo. O Sérgio não queria fazer isso com o dele, mas no final lá acabámos por conseguir convencê-lo", explica.
Num tempo em que a proximidade para as estrelas era maior, Sérgio Conceição criou uma relação de amizade com Guido de Angelis. "Penso que seja dos poucos com quem consegui ter uma amizade", assegura o jornalista, que trabalhava para a "Radiosei". "Sempre foi educado e vinha muitas vezes ter comigo à rádio. Fazia emissão comigo na altura do "Scudetto". Um rapaz humilde. Nem parecia jogador", afirma De Angelis, que chegou a ser convidado para o jogo de despedida de Conceição, em 2009. No entanto, uma viagem de avião "aterradora" em 1993, antes de um jogo com o Boavista, para a Taça UEFA, em que se viu no centro de uma enorme turbulência quando sobrevoava o Mar Mediterrâneo, deixou-o com um trauma e fê-lo desmarcar a presença. Por isso, gostava de rever agora o amigo e ex-companheiro de emissão "antes do jogo". "Mas não sei. Sou muito discreto. Por isso, aproveito para lhe enviar através de O JOGO um abraço", remata.
O "tifo" que espantou Pancaro
Em 2003, quando FC Porto e Lázio se defrontaram pela primeira vez, Pancaro cumpria a última época nos "laziale" antes de rumar ao Milan. O lateral-direito, ao contrário de Negro, fez 90" na eliminatória e guarda na memória os instantes antes do jogo da Invicta. "Recordo-me de um "tifo" belíssimo dos adeptos", atira numa alusão a uma coreografia em que um portista surgia no quarto a dormir e sonhar com a final em Sevilha, acompanhada da mensagem: "Não acordar... Deixem-nos sonhar". Do desafio, porém, só tem memórias negativas. "O FC Porto teve sempre uma grande intensidade. As duas equipas não eram muito diferentes. Bem, na verdade, se calhar até tínhamos uma equipa mais forte. Mas o FC Porto jogou melhor e venceram merecidamente por 4-1", reconhece o defesa, que já não jogou no 0-0 de Roma.
Curiosidades
Boas recordações de Itália... sem ganhar
Como treinador, Conceição tem boas memórias frente a equipas italianas, apesar de nunca ter vencido naquele país. Em 2018, perdeu 2-1 com a Roma, mas deu a volta no Dragão e seguiu para os "quartos" da Champions. No ano passado, o estádio da Juventus foi palco de uma das derrotas (3-2) mais felizes da história do FC Porto, na mesma fase da prova. Já esta época, os dragões empataram (1-1) com o Milan. Um resultado que serve perfeitamente às aspirações portistas amanhã.
Transferência sonante em 1998
No verão de 1998, a Lázio contratou Sérgio Conceição por 1,8 milhões de contos, o equivalente a 9 M€ e um valor muito alto para os padrões da altura. Ajustando à inflação, ao dia de hoje seriam quase 14 milhões de euros, mas sem contar com a inflação particular e galopante do mercado do futebol...
Uma estreia soberba valeu a Supertaça
Não há uma segunda oportunidade de causar uma boa primeira impressão e que estreia teve Conceição na Lázio: na supertaça, em casa da Juventus, apontou o golo do triunfo (2-1) em cima do apito final, com um pontapé fortíssimo de pé direito, na grande área. No dia seguinte, porém, a Imprensa italiana trocou o nome e chamou-lhe Flávio Conceição, brasileiro que atuava no Deportivo.
Taça das Taças teve uma desilusão
Também em 1998/99, a Lázio conquistou a Taça das Taças, frente ao Maiorca, mas algo deixou Conceição desiludido. "Joguei a época inteira e fui suplente na final da Taça das Taças. Erikssen gostava muito do Mancini e este andava quase de braço dado com o Mihajlovic. Ora, o Mihajlovic era o melhor amigo do Stankovic e, nessa final, adivinhe quem jogou? Stankovic, pois claro! Eu, banco!", contou Sérgio em 2009, numa entrevista ao jornal "i".
Não perca a restante entrevista com os ex-colegas de Conceição Pancaro e Paolo Negro e o jornalista Guido de Angelis:
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