Técnica contra potência: a análise às duas super duplas de médios antes do clássico
Sociedade portista no meio-campo é mais ativa e eficaz em posse, a sportinguista sai por cima no um contra um
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Pedra angular na estrutura de FC Porto e Sporting, as duplas Uribe-Vitinha e Palhinha-Matheus Nunes terão, sexta-feira, o primeiro confronto direto das respetivas carreiras e boa parte do sucesso das equipas poderá passar pelo desempenho destes jogadores.
Se o rendimento apresentado por cada um até ao momento for uma demonstração do que esperar no Dragão, então facilmente se constata que estarão frente a frente dois estilos: um (portistas) em que a bola é um elemento muito presente, por força das ações de Vitinha (mais passes, remates, disparos enquadrados), e outro (sportinguistas) em que a procura dos duelos individuais é uma constante, uma vez que Matheus Nunes (ofensivos) e Palhinha (defensivos) disputam-nos a uma média impressionante.
Embora os pés de Vitinha funcionem como um íman que atrai a bola de forma constante, levando a que esteja bastante acima dos demais nos parâmetros associados à posse, Uribe consegue ser mais participativo no processo ofensivo do FC Porto do que Palhinha no do Sporting. O colombiano, que desempenha funções que visam dar equilíbrio aos dragões, tal como o português nos leões, faz mais entregas (49,1) por encontro do que este... e até do que Matheus Nunes (42,2). Como se isso não bastasse, não perde para nenhum deles no capítulo de remate, apresentando os mesmos 1,1 disparos por desafio do primeiro, um pouco cima dos 0,6 do luso-brasileiro. É a insistência que faz com que Uribe chegue a esta fase com tantos golos marcados como os restantes (três), uma vez que no tocante à taxa de tiros enquadrados com a baliza é o que tem a percentagem mais baixa (30,8%) - Palhinha acerta em 37,9% das ocasiões, Matheus Nunes em 36,8% e Vitinha em... 47,5%. Refira-se, porém, que o médio leonino nascido no Rio de Janeiro é o que consegue ser mais disruptivo deste quarteto, não tendo medo de recorrer ao drible, mesmo que em matéria de eficácia (52%) só consiga ser melhor do que o homónimo dos azuis e brancos (45,7%).
Se a diferença entre os dois médios do FC Porto é praticamente residual em capítulos como o das interceções, das recuperações e até dos duelos defensivos, no caso do Sporting verifica-se um claro ascendente de Palhinha em relação a Matheus Nunes em praticamente todos. Com exceção da percentagem de despiques individuais, em que o luso-brasileiro bate a concorrência por larga margem, nos restantes é o 6 leonino quem assume um papel de destaque, o que pode explicar-se pelo facto de jogar um pouco mais recuado. Seja como for, as médias de Nunes são as mais baixas de todos e, mesmo em comparação com Vitinha, que também pisa terrenos semelhantes, consegue fazer menos recuperações no meio-campo adversário.