Maciel Neto, amigo e intermediário, lembra que o dianteiro tem mais dois anos de contrato e vinca que está feliz no Dragão. "Por vontade dele, será para ficar", garante em O JOGO.
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A presente época permitiu a Taremi elevar a fasquia a um nível nunca visto. Com 24 golos pelo FC Porto, o avançado tornou-se no melhor marcador iraniano de sempre numa temporada na Europa, melhorando o recorde que já lhe pertencia - 23 golos, em 2020/21.
Nem o mítico Ali Daei faturou tanto no Velho Continente, pelo que o registo promete fazer de Mehdi um dos principais animadores do mercado para os lados do Dragão.
Porém, Maciel Neto, amigo e intermediário que ajudou na transferência do camisola 9 para Portugal, garante que o jogador está feliz no Dragão. Como tal, deixará nas mãos da SAD o futuro. "Tem contrato por mais dois anos e está totalmente focado no FC Porto. Tudo o que aparecer, ele dará ao clube para decidir. Por vontade do Taremi, será para ficar ", afiança a O JOGO.
Na altura em que descobriu Taremi no Médio Oriente, Maciel integrava o departamento de scouting do Boavista [ver caixa], mas só em 2019 conseguiu concretizar a mudança do goleador para o futebol luso. "Apreciei-o logo por ser um avançado inteligente e pela forma fria como finalizava", detalhou, explicando que o iraniano "abdicou de muito dinheiro" para abraçar o desafio europeu. "Foi ele que correu o maior risco. Mal soube do interesse do Rio Ave, um clube sério, cumpridor e que funciona bem a nível de venda e promoção de atletas, não hesitou. O Mehdi entendeu que viria para um clube com boa montra, que dá boas condições aos atletas e cumpre à risca com tudo. Era o clube certo para, mais tarde, dar o salto. Perceber, anos depois, que a aposta que fez nele próprio resultou deixa-o feliz", indica o empresário.
Quanto ao recorde de iraniano com mais golos marcados numa época no futebol europeu, que até à última temporada era detido por Alireza Jahanbakhsh (22 tentos pelo AZ Alkmaar, em 2017/18), Maciel Neto considera que vem por acréscimo. "Ao escolher a Europa, Taremi queria mostrar o valor que sentia que tinha. O resto acabou por vir com o tempo. Ele sempre teve grande confiança nas próprias capacidades, fruto do trabalho e do compromisso", vinca. Certo é que o atacante tem um derradeiro repto ao alcance na final da Taça de Portugal, no dia 22: igualar - ou até superar - o máximo pessoal de golos numa só época. Em 2016/17, anotou 25, pelo Persepolis (Irão). Falta-lhe, pelo menos, um para fechar em beleza 2021/22.
3 Questões a Hatam Shiralizadeh, jornalista iraniano - Tasnimnews
"FC Porto foi essencial para a melhoria"
1 Como avalia a época de Taremi? É uma surpresa que ele esteja a este nível?
-Taremi esteve bem, foi um jogador fundamental para Sérgio Conceição. Teve um enorme desempenho na segunda metade da época e não nos esquecemos que os companheiros de equipa também desempenharam um papel importante, ajudando o Mehdi a atingir estes números. O desempenho dele no Irão foi bom, mas, depois de partir para a Europa, melhorou imenso, tornou-se num avançado mais completo e profissional. Indubitavelmente, o FC Porto foi essencial para que tal acontecesse, os registos demonstram as melhorias. Além disso, o comportamento dos adeptos para com ele é perfeito e, como iraniano, é um orgulho ver isso. Os fãs do FC Porto estão entre os melhores da Europa, sabem como apoiar os seus jogadores.
2 Será legítimo dizer que Taremi chegou tarde à Europa. Porquê esta demora?
-Sim, é verdade, o Taremi poderia ter sido transferido para a Europa mais cedo. O problema é que os clubes europeus de topo não confiavam nos futebolistas iranianos antes da chegada de Carlos Queiroz à seleção. No entanto, o treinador mudou essa mentalidade ao apresentar ao mundo a qualidade dos jogadores do Irão. Outro facto que explica essa situação é que a maioria dos jogadores iranianos não têm experiência nem empresários de topo, por isso alguns não conseguem chegar aos principais clubes da Europa.
3 Como se compara esta geração de jogadores iranianos, como Taremi e Sardar Azmoun, à que era liderada por Ali Daei?
-Os contemporâneos de Ali Daei, aquela equipa de 1998, foram especiais para mim e para os iranianos da minha geração, porque fizeram um trabalho incrível naquela altura e qualificaram o Irão para um Campeonato do Mundo ao fim de 20 anos. Ainda assim, é importante dizer que a seleção do Irão tem, neste momento, um grande conjunto de jogadores que estão a mostrar ao mundo inteiro a verdadeira face do futebol iraniano, a elevada qualidade que têm. Basta olhar para a equipa, temos mais jogadores a atuar no estrangeiro em comparação com a geração do Mundial de 1998. Realizaram um excelente trabalho.