Samuel Fraguito, antigo jogador dos leões, aborda o dérbi com o Benfica, marcado para o próximo domingo.
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O Sporting aborda com maior tranquilidade a receção ao Benfica, no domingo, da 33.ª e penúltima jornada da I Liga, frisa o ex-futebolista Samuel Fraguito, mesmo que uma vitória das águias garanta automaticamente o seu 38.º título.
"O Sporting já não tem nada [em jogo] e vai ser complicado chegar à terceira posição. A responsabilidade [de vencer] será do Benfica, porque tem uma equipa muito melhor, que está consolidada e não vai deixar que a luta chegue ao último jogo. Seria um perigo. Não quero dizer que eles vão jogar melhor do que o Sporting. Isso vê-se no campo, mas, se calhar, traz-lhes mais pressão", traçou à agência Lusa o ex-médio leonino (1972/1981).
O Sporting, quarto colocado, com 70 pontos, recebe o líder Benfica, com 83, mais quatro face ao vice e atual campeão nacional FC Porto, no domingo, às 20h30, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, numa partida arbitrada por João Pinheiro, da associação de Braga.
O vencedor da 89.ª edição da prova fica sentenciado em caso de triunfo do clube da Luz, que até pode empatar - e chegar a um título que lhe foge desde 2018/19 - se, no sábado, o FC Porto deixar dois pontos em Famalicão, onde o campeonato "fechará" em caso de desaire dos dragões.
"Já se sabe que tudo pode acontecer no futebol, mas dificilmente este título escapará ao Benfica, que claramente tem a almofada de defrontar o [lanterna-vermelha] Santa Clara [em casa, na última ronda] e até poderá entrar mais contido [em Alvalade] e, quem sabe, jogar melhor ainda. Eles foram mais consistentes por uma razão: além de terem uma boa equipa, o calendário favoreceu-lhes e deu muito moral ao plantel nos primeiros jogos. Ao não terem apanhado logo um grande, foram pontuando e isso deu estabilidade", referiu.
Titular na única vez em que o Benfica se sagrou campeão na casa do Sporting, em 4 de maio de 1975, ao empatar também na penúltima ronda (1-1), num dérbi em que chegou a adiantar os leões no marcador, Fraguito crê na superação da equipa de Rúben Amorim.
"A probabilidade é o Sporting jogar aquilo que está habituado a fazer, apesar de se exibir muito bem e criar grande perigo contra equipas de maior porte. Organiza-se melhor, sai a jogar bem e, mesmo com a pressão do Benfica, vai descobrir muito espaço atrás da linha defensiva contrária", anteviu o ex-internacional português, recordando as duas vantagens logradas pela formação de Alvalade durante o jogo da primeira volta (2-2, da 16.ª ronda).
O Sporting tem menos quatro pontos do que o Braga, terceiro colocado, pelo que uma vitória dos minhotos no terreno do Boavista, no sábado, acabará com as ténues esperanças de os lisboetas acederem à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões. "Acho que não vai ter muitas consequências, porque [o clube] já está mais organizado a nível financeiro e tem saldo favorável. Agora, é claro que terá de ir buscar miúdos, fazer jogadores e organizar uma equipa para o futuro. A esse nível, não vai ser fácil", admitiu.
Os leões arriscam-se a acabar fora do pódio pela 19.ª vez, e segunda na última década, após terem somado 85 pontos as duas primeiras épocas completas com Rúben Amorim, que permitiram desfazer um "jejum" de 19 anos (2020/21) e ser vice-campeão (2021/22). "Saíram dois atletas muito importantes. O João Palhinha e o Matheus Nunes jogavam no meio-campo, mas davam estabilidade à defesa do Sporting. [A equipa] Ficou muito mais debilitada atrás, já que não tem muita consistência a nível defensivo no seu meio-campo. Depois, quem ficou neste plantel não cria muitos desequilíbrios como faziam o Matheus Nunes ou o Pedro Porro, um dos melhores defesas direitos que havia por aí e que saiu a meio da época", especificou o vencedor de dois campeonatos e duas Taças de Portugal.
Samuel Fraguito, de 71 anos, desdramatiza a ausência face ao Benfica do guarda-redes espanhol Antonio Adán, que foi expulso na vitória sobre o Marítimo (2-1), da 32.ª jornada, e diz que o uruguaio Franco Israel "já provou que tem capacidade" para assumir a vaga. "É certo que, às vezes, há imensa falta de finalização, mas eu vou sempre para o aspeto defensivo. O Sporting comete muitos erros, que resultam em golos e fica difícil. O plantel também é muito reduzido e o treinador está sempre ali a tapar buracos de um lado para o outro. Mete o Pedro Gonçalves atrás em vez de jogar à frente", ilustrou, sobre a unidade mais influente dos "leões" em 2022/23, com 20 golos e 12 assistências em 49 encontros.
Ainda que seja uma época em branco, o transmontano deseja a continuidade de Rúben Amorim, que vai igualar Jorge Jesus - com quem evoluiu como jogador no Belenenses e no Benfica - no terceiro lugar dos técnicos com mais partidas pelo Sporting (158), apenas atrás do húngaro Joseph Szabo (270) e do ex-selecionador nacional Paulo Bento (194). "Tem condições [para continuar], porque a massa associativa está consigo. É um grande treinador e eu gosto dele. Eles até nem jogam mal, mas perderam muitos pontos com as ditas equipas pequenas. Isso faz a diferença para os grandes", admitiu Samuel Fraguito, numa fase em que os "leões" levam quatro vitórias seguidas e 12 jogos invictos na I Liga.
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