ENTREVISTA, PARTE I - Sem medo de abraçar novos projetos depois de ter sido despedido do Alverca, Argel já tem tido sondagens e garante que tinha condições para continuar no clube da Liga 3.
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Um ano depois de ter assumido o comando técnico do Alverca, da Liga 3, Argel foi despedido. O treinador luso-brasileiro deixa o clube após 36 jogos, nos quais somou 18 vitórias, 6 empates e 11 derrotas. Mantém uma boa relação com todos os dirigentes do clube e, em entrevista a O JOGO, sublinha que o único plano que existe para um treinador é o "plano da vitória".
"Tinha condições para permanecer no Alverca. Fiquei triste"
Tinha grandes expectativas em relação ao futuro no Alverca, mas a verdade é que foi despedido antes de terminar contrato. Foram só os resultados que determinaram a sua saída?
- O que determinou a nossa saída foram unicamente os resultados. Perdemos um jogo para a Taça contra um adversário de um escalão inferior e consequentemente fomos chamados para rescindir contrato. No futebol sempre fui a solução e nunca o problema. Fui contratado na época passada, numa altura em que o Alverca estava em zona de descida e tentei levantar o clube com a ajuda de todos. Tivemos resultados fantásticos e a ideia era dar sequência este ano ao bom nível que apresentámos antes. No entanto, tivemos vários problemas esta época entre os quais a venda de jogadores importantes e lesões de longa duração de cinco atletas titularíssimos e isso condicionou muito o nosso trabalho. De qualquer forma, estávamos ainda a dois pontos do chamado G4, que dá acesso à subida.
E agora quais são os objetivos?
- A nossa ideia é continuarmos em Portugal. Têm surgido sondagens de vários clubes e queremos deixar uma marca aqui. No Brasil trabalhei em vários clubes, ganhei títulos e a intenção é dar sequência a esse trabalho em Portugal. Parecendo que não, são 14 anos como treinador profissional, muita experiência e quatro títulos. Quis fazer o caminho inverso: estão muitos treinadores portugueses no Brasil e eu quis vir para Portugal também para abrir o mercado português aos treinadores brasileiros.
Considera que tinha condições para continuar no Alverca?
- Sem qualquer dúvida. Fiquei triste. Tinha obviamente valor para continuar. Continuo a aprender todos os dias, mas sinto que tenho valor para treinar qualquer clube.
"Saímos da Taça na segunda fase diante de uma equipa da quarta divisão... Se tivéssemos ganho, eu a esta altura ainda seria treinador do Alverca"
Houve falta de paciência por parte dos dirigentes do clube?
- Não. Os resultados ditaram leis. Saímos da Taça na segunda fase diante de uma equipa da quarta divisão... Se tivéssemos ganho eu a esta altura ainda seria treinador do Alverca.
Tem 48 anos e já orientou 25 equipas. Isto não representa uma má publicidade para si?
- Depende... No Brasil, é difícil um treinador ficar três a quatro anos num clube. Em Portugal, pelos vistos não é muito diferente. Podemos dizer que durante esse percurso ganhei muita experiência. Depende sempre da forma como se olha para as coisas.
Onde quer chegar como treinador?
-Já trabalhei em clubes grandes e em clubes pequenos. Habituei-me a não fazer muitos planos em relação ao futuro. Acho que esta é a melhor forma de abordar a carreira de treinador. Já trabalhei num clube que tem 250 mil sócios, um dos maiores do Mundo, que foi o Internacional e noutros mais pequenos. A dedicação foi igual em todos eles. É assim que quero continuar. Não faço grandes planos. O único plano que existe num treinador é o plano de vitória. Eu achei que em Portugal os treinadores teriam uma vida mais longa, que se respeitaria o projeto. Só que não é o projeto que conta, são os resultados.
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