A eurodeputada realçou que, ao contrário do que acontece em Portugal, as informações lançadas por Rui Pinto foram valorizadas pela opinião pública e pelas autoridades de outros países europeus
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A eurodeputada Ana Gomes criticou a falta de interesse das autoridades portuguesas nas informações divulgadas pelo denunciante do Football Leaks, Rui Pinto, ao contrário do que aconteceu noutros países europeus, assumindo-se chocada com a situação.
"No caso do Rui Pinto, choca-me que, perante o óbvio interesse público das informações libertadas por Rui Pinto, as mesmas não tenham despertado o interesse das autoridades portuguesas", afirmou Ana Gomes, durante a conferência "O novo Regime da Proteção de Denunciantes (Whistleblowers)", promovida pela agência Lusa em Lisboa.
A eurodeputada realçou que, ao contrário do que acontece em Portugal, as informações lançadas por Rui Pinto foram valorizadas pela opinião pública e pelas autoridades de outros países europeus, insistindo que, em Portugal, "ninguém se pôs a caminho para falar com ele [Rui Pinto] e pedir colaboração", apesar de conhecerem o seu paradeiro e saberem que estava a viver na Hungria.
"Rui Pinto está a ser tratado como um vulgar criminoso, enquanto as autoridades judiciais [portuguesas] atuam a pedido de um fundo de investimento, a Doyen, que nem sequer paga impostos em Portugal. Não há nenhuma razão de proteção de interesse público que explique porque é que as autoridades portuguesas não pediram a colaboração de Rui Pinto. Isto, independentemente de os crimes pelos quais ele é alegadamente acusado sejam julgados", assinalou.
Referindo-se ao novo Regime de Proteção de Denunciantes, aprovado no passado dia 16 pelo Parlamento Europeu, Ana Gomes garantiu que a aplicação deste em Portugal não será imediato, tal como já tinha revelado recentemente a ministra da Justiça Francisca van Dunem. "Eu penso que a alteração será de longo prazo na cultura judiciária portuguesa", adiantou a eurodeputada.