Criticar Rui Vinhas é desumano
Suspender Rui Vinhas por ter tomado um anti-inflamatório cinco dias depois de um acidente que quase lhe custou a vida é, apesar disso, chocante.
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Admito que a presença de uma substância proibida na análise antidoping tem de ser investigada, sobretudo se não existir a autorização médica prévia que a torna legal. Mas abrir um processo e suspender Rui Vinhas por ter tomado um anti-inflamatório cinco dias depois de um acidente que quase lhe custou a vida é, apesar disso, chocante.
São casos como este que dão má fama aos responsáveis do antidoping entre os atletas. Mas casos destes, triste coincidência, só acontecem no ciclismo, aquela modalidade em que o atleta é sempre considerado culpado.
Hoje, já li comentários sobre "mais um dopado", quando a inocência de Vinhas é conhecida por todos os milhares de portugueses que no verão passado admiraram a coragem do pequeno trepador que terminou a Volta a Portugal depois de ter batido contra a traseira de um carro a caminho de Viseu, sofrendo um traumatismo craniano e muitas outras mazelas.
Rui Vinhas não só resistiu esse dia, pedalando depois de lhe dizerem que podia morrer como Joaquim Agostinho, como ainda fez mais cinco etapas contrariando a recomendação médica para desistir. Agora, está acusado de um "crime" na penúltima delas: tomou um anti-inflamatório!
Se para as autoridades este procedimento será uma obrigação, a todos os outros deixo um recado: tenham vergonha, criticar Vinhas é desumano.