Rui Costa, presidente do Benfica e candidato à presidência nas eleições de 25 de outubro, deu uma entrevista à TVI/CNN Portugal, esta quinta-feira
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Tem a consciência tranquila de que nada vai suceder judicialmente? "Não só tenho, como é um dos pilares do meu mandato, devolver a credibilidade que o Benfica tinha perdido. Nestes quatro anos nunca mais se viram parangonas. Se há coisa bem feita, foi devolver a credibilidade quer a nível nacional como internacional. Sei bem o trabalho que teve de ser feito. Hoje estamos a discutir a parte financeira e desportiva do Benfica, não a parte judicial, essa é das que mais me orgulha."
Mas os processos da gestão de Luís Filipe Vieira ainda estão a decorrer... "Ainda a decorrer, vamos ver no que vai dar, vamos aguardar no que vai dar."
Temos ou não presidente líder? "Têm um presidente líder, têm um presidente. Eu sou o presidente, não o dono do Benfica. Daí ter escolhido equipas às quais atribuí funções, em que eu lidero, mas sendo presidente."
Isso é uma indireta a Luís Filipe Vieira? "Não é indireta, é como vejo o clube, todas as decisões passam por mim, para o bem ou para o mal."
Contratação de José Mourinho, fez muito rapidamente para resolver a questão? Verdade ou não, o timing é muito discutido, porque não foi antes? Bruno Lage colocou ou não o lugar à disposição no final do Mundial de Clubes? "Não, nem se falou nisso. Bem pelo contrário, no final do mundial o que contabilizamos foram os dias para voltar a trabalhar e como íamos trabalhar. Nem ele pôs, nem eu."
Um candidato disse isso... "Tem-se ouvido tanta coisa... não me lembro de ter essas pessoas nas reuniões."
O que falhou na sua gestão? "A parte amarga da situação são os quatro títulos. Entrando em outubro não ganhámos nada. Vínhamos de três anos com uma Supertaça. Foi preciso reformular futebol, é hoje um processo muito mais vincado do que quando entrei. A minha mágoa maior foi não ter carimbado logo de seguida o título, tínhamos plantel para isso. Todos os anos competitivos, ano passado deixa sabor bastante triste porque não ganhámos."
Sinais de que a equipa não jogava muito... "Não faço disto uma vitória. Se algo aprendi no Benfica é que não há vitórias morais. Se não tiver de ser campeão prefiro lutar até final do que estar afastado a um terço do campeonato. O Benfica foi competitivo em todas as competições nacionais. A certeza que em termos europeus, talvez dos melhores quadriénios de pontuação europeia, duas vezes nos quartos de final da Champions, o ano mais fraco são quartos de final da Liga Europa. Na Liga Europa ficou a saber muito pouco chegar as quartos de final, perdendo com Marselha com mau jogo. Foi o ano de menor pontuação em termos internacionais. Tivemos quatro presenças seguidas nos anos do tetra e creio que nunca mais quatro anos seguidos na Liga dos Campeões."
Quem tem de decidir, o que vê não é contabilizar taças que ganhou, é a desorientação de jogadores... "Falámos de um caso, que se passou numa substituição de um jogador."
O que é uma confidencialidade num acordo de futebol? "Não tenho problemas, a minha reunião com Bruno Lage acontece depois do jogo, depois da conferência. Conversa muito suave, muito humana, entre duas pessoas com relação que têm, mas que de um lado está um treinador e do outro um presidente."
Bruno Lage pediu-lhe para assinar documento para não o despedir até final de setembro? "O Bruno tinha a preocupação do momento eleitoral que o Benfica vivia. Há uma conversa entre mim e Bruno Lage, não houve acordo nenhum, nem papelada que tivesse de ser feita, que resultou no que resultou, para continuarmos a trabalhar."
Nunca pediu? "Até final de Setembro não fazia sentido, se tivesse de pedir era até Outubro. Houve conversa no início para preparar época e a preocupação dele com o momento eleitoral."
Por quê prescindiu disso? "Pela seriedade e benfiquismo dele."