Aparício, treinado por Rui Borges no Moreirense, deixa confidências de cuidados na antecâmara de jogo grande. Médio do Petro de Luanda fez 14 jogos nos cónegos com o técnico dos leões e credita as vastas competências da equipa técnica. Ficou surpreendido com a forma como Rui Borges atinge os automatismos
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Não fez muitos jogos com Rui Borges, no Moreirense, na Liga, apesar de ter tido papel destacado na subida dos cónegos. De qualquer modo, Pedro Aparício, a brilhar nos angolanos do Petro, guarda do técnico do Sporting competências várias que justificaram esta “meteórica ascensão”. Vendo, desde Angola, este ataque ao jogo do título, o médio tenta entrar na cabeça do jovem treinador que tenta guiar os leões a segunda conquista consecutiva do campeonato. “Esta subida de patamares fala por si, de como ele e a sua equipa técnica trabalham. Já passou por diferentes adversidades e obstáculos. Sei que está com uma vontade enorme de ganhar, com ele e os seus adjuntos a motivação é sempre alta, são pessoas que respiram futebol. Estão sempre muito confiantes”, relata.
Pedro Aparício ausculta o passado e conta o que era uma semana de trabalho ao gosto de Rui Borges. “Lembro semanas consistentes, repetíamos os exercícios ou eram muito parecidos. Num Moreirense não tinha os mesmos recursos e tinha que pensar mais nas armas contrárias, abordando os jogos grandes. Era atento e cuidadoso com o processo defensivo, com a pressão alta, fosse um grande ou equipa do meio da tabela, adaptava-se sempre às dificuldades previsíveis do adversário”, partilha o médio, soltando outros interessantes pormenores. “O mais curioso é que as combinações ofensivas eram repetidas duas vezes durante a semana, os posicionamentos defensivos e a pressão também semelhantes noutros dois dias da semana. Em duas ou três semanas trabalhou isso e nós entendemos as coisas. Ele disse o que queria e ficou automatizado, fazia questão de não dar mais qualquer feedback. A equipa passou a saber o que fazer com e sem bola. Isso marcou-me, refletia a excelente preparação da equipa”, enaltece Aparício, debruçando-se sobre a batalha tática e mental do clássico.
“A parte tática imperou, conheço-o, e ele sabe que um jogo destes motiva a equipa. Todos querem jogar, porque tudo se decide. Terá pedido para estarem soltos e alegres, para reproduzirem o que têm feito. Não existem muitas mudanças a fazer em poucos dias, vê-se um trabalho consistente. Tentará focar-se nos argumentos do Benfica, que são superiores aos outros adversários. A parte emocional virá ao de cima no dia do jogo, o alerta às condicionantes da partida. Ele sabe tudo o que pode fazer para vencer este jogo”, conclui.
“Simples e direto, sem adornos”
Aparício resume a essência de Rui Borges. “Deixa os jogadores à vontade para falarem com ele, convida a todo o tipo de interações, aceita que o questionem. É muito aberto a isso, mantendo a exigência de um certo respeito. Sabe como exigir, tem uma comunicação simples e direta, não é de adornar. Ficou mais exposto à comunicação no Sporting, já se viram casos de não gostarem do que disse. Vem da frontalidade de alguém preparado para o escrutínio. Segue fiel às suas ideias.”