Roger Schmidt vai apertar plantel do Benfica: "É de esperar uma pré-época dura"
Antigo adjunto do técnico na China, Rui Mota avisa para uma "vertente física mais marcada" nos trabalhos.
Corpo do artigo
Com os termos contratuais acertados para assumir o comando técnico do Benfica, Roger Schmidt vai implementar uma "filosofia ofensiva, apontando ao espetáculo e a pensar em muitos golos", como revela a O JOGO Rui Mota, seu antigo adjunto no Beijing Guoan, na China.
Apologista de um "futebol vertical, que prima pela velocidade e mais físico e intenso", Roger Schmidt puxa por isso pelos jogadores no que diz respeito ao capítulo físico. O aperto vai ser claro desde o início dos trabalhos.
"A vertente física é mais marcada na pré-época e também durante a temporada em período competitivo. Os treinadores portugueses trabalham essas componentes físicas mais em termos abstratos, em exercícios nos quais os jogadores nem se apercebem, mas com Roger Schmidt, como na escola alemã, essa questão é mais marcada, e na pré-época ainda mais. Por isso tem um preparador-físico que controla tudo ao pormenor", revela Rui Mota.
"É de esperar uma pré-época dura, é o fio condutor para a época. Essa questão ajuda bastante, se os jogadores estiverem bem fisicamente irão corresponder melhor ao estilo mais físico e mais agressivo e intenso que lhes possa ser pedido", declara, acreditando que "quando os jogadores sentem competência do outro lado abrem-se para receber as ideias".
Revelando que Schmidt faz alinhar as suas equipas "preferencialmente em 4x3x3", com dois homens bem abertos e um ponta de lança mais posicional", Rui Mota fala também de um treinador capaz ter o plantel a seu lado. "Gosta de ser próximo dos seus jogadores, de entendê-los e de compreender os momentos pelos quais estão a passar. Preocupa-se com esse lado, que entende ser importante para tirar rendimento dos jogadores", adianta ao nosso jornal o até há pouco treinador-adjunto da seleção da China. "É acima de tudo fiel às suas ideias e rigoroso nesse sentido, mas é próximo dos atletas no sentido em que tem o grupo unido, porque sabe que isso é importante para o sucesso."
Rui Mota descreve também Roger Schmidt como um técnico comunicativo e que gosta de ouvir quem o rodeia. "Tem as suas ideias, mas dialoga com a sua equipa técnica no sentido de ter todos os elementos para a melhor decisão. Trabalha em equipa com o seu staff e até com o grupo, daí ter os jogadores consigo. Ouve o staff e também os atletas e tenta adequar essas opiniões às suas ideias", conta, explicando que o ainda treinador do PSV "encaixa no perfil procurado pelo Benfica não só de um futebol vistoso mas também de aposta na formação do Seixal".
"Da experiência que tive no Beijing, é um técnico que lançou vários jovens. Para ele, o que importa é o rendimento desportivo. Olha para o desempenho e não para o BI", frisa, considerando que o técnico "trabalha bem" com os mais novos na forma como os prepara para o futuro e para os desafios.
Considerando que Schmidt poderá encontrar na Luz "um plantel experiente, com jogadores capazes de se adaptarem às suas ideias", Rui Mota fala de uma "personalidade diferente de Klopp", ao qual o futuro técnico das águias já foi comparado. Curiosamente, o treinador português junta-se esta semana aos trabalhos dos reds, preparando a próxima etapa da sua carreira com um estágio com o clube inglês: "É um dos melhores clubes do mundo e um dos melhores treinadores. Vai ajudar-me a evoluir."