"Ricardo Horta teve alguns momentos de dúvida naquilo que era o seu futuro imediato"
Entrevista de Artur Jorge, treinador do Braga, à Sport TV.
Corpo do artigo
Sonhou com um Braga campeão? "Eu sei que o Braga, um dia, vai ser campeão. Não sei se vai ser comigo. Mas estamos a trabalhar e a criar bases para lá chegarmos. Ao dia de hoje, estamos a fazer todos os esforços para evoluir. Temos feito um investimento grande em termos da planificação e preparação. Investimento financeiro, de escolhermos bem, de sermos seletivos naquilo que queremos para a equipa. Os nossos rivais reforçam-se com jogadores que muito maior investimento do que aquele que nós temos, que fazemos num ano inteiro. A gestão de expectativas deve ser moderada, equilibrada, mas que nunca nos possa tirar a ambição".
Incomoda-o que se diga que o Braga é um candidato ao título? "Não me incomoda rigorosamente nada. No meu grupo de trabalho, tenho campeões nacionais, campeões europeus. Esta cultura de vitória e esta mentalidade ganhadora estão cá presentes. Nós temos é um longo caminho a percorrer para poder comprovar que somos melhores do que os adversários. Este é o desafio que temos pela frente. Neste momento, temos de pensar alto, para cima, de forma realista, mas com sede de ambição de mais e melhor. Queremos um Braga ascendente do ponto de vista desportivo e do ponto de vista da afirmação do próprio clube em termos nacionais e internacionais. Os adeptos pedem o título".
Análise ao Backa Topola, da Sérvia, adversário na Liga dos Campeões: "É um adversário bastante perigoso. Temos a oportunidade de, pelo mérito de termos conquistado o terceiro lugar, estarmos a disputar a maior prova de clubes da UEFA. Foi o segundo classificado da Sérvia, fez uma campanha bastante boa o ano passado. É um campeonato muito físico, muito intenso, com jogos de grande exigência física. Até agora, daquilo que pudemos observar e absorver, é uma equipa muito jovem, com sede de sucesso e que vai tentar, ao máximo, dificultar a nossa ação. Vamos preparar-nos da melhor forma possível para podermos superar este adversário e continuarmos no caminho de chegada ao nosso objetivo".
Está preparado para a eventual perda de Al Musrati? "Nós, treinadores, temos de ter sempre um plano B. Independentemente daquilo que é nossa realidade hoje, temos de estar preparados para o amanhã. Em relação a qualquer jogador do plantel, nós estamos preparados para poder perceber que necessidades possamos vir a ter ou não. Não queria individualizar, o Al Musrati é, de facto, extremamente influente naquilo que é a manobra da equipa. Não só ele, mas também ele. Ao fazermos o registo que fizemos a época passada, tivemos uma grande valorização de todos os jogadores e do treinador".
Sobre Ricardo Horta: "Hoje temos de falar de forma diferente daquilo que falamos há um ano. No ano passado, tentámos sempre minimizar aquilo que era o impacto sobre o Ricardo, mas fomos percebendo que, desportivamente, isso teve impacto no jogador. Em termos de grupo e de treinador, não houve nenhuma situação que pudesse abalar aquilo que era a confiança do grupo de trabalho para com o Ricardo ou vice-versa. Fomos sentindo que, de uma forma perfeitamente natural e compreensível, o Ricardo teve alguns momentos de dúvida naquilo que era o seu futuro imediato. Conseguimos ter um Ricardo, pouco antes do meio [da época] para a frente, diferente e já mais próximo daquilo que é a sua própria realidade em termos de desempenho desportivo. Animicamente, o Ricardo nunca teve grandes oscilações".