Davidson, jogador do Vitória, falou esta quinta-feira aos jornalistas por videoconferência.
Corpo do artigo
Isolamento social: "Já passou mais de um mês nesta situação. Tenho tentado aproveitar o tempo livre para estar com a minha família em casa. Não sinto medo, tenho alimentado um sentimento de esperança. Espero que as coisas regressem à normalidade. Tenho saudades de fazer o que mais amo e até as coisas normais da vida".
Tédio: "É complicado estar confinado em casa com a esposa e o filho e sem aquelas rotinas. Às vezes bate um tédio... até dá vontade de abrir a janela e dar um berro. Moro próximo da Academia do Vitória e uma jovem adepta, de oito anos, costuma cantar pelas 22h00. E a última música é sempre o hino do Vitória. É espetacular. Todo o mundo canta na rua, é uma festa".
Primo faleceu da covid-19: "O meu filho Bernardo adora futebol, fica maluco com a bola. Jogamos futebol em todo o lado, incluindo na sala, e até já quebrei um copo. A minha mulher fica maluca. Essa pandemia é séria e já perdi um primo com 32 anos há duas semanas. Há muita gente na rua a trabalhar, em hospitais e pastelarias. Essas pessoas merecem todo o meu respeito, porque estão a fazer tudo para nos sentirmos bem".
As posições do presidente Bolsonaro: "Sinto-me mais seguro em Portugal do que no Brasil. O clube permitiu que todos regressássemos aos nossos países, mas eu e a minha mulher entendemos que seria melhor ficarmos por cá. Sou da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, e ali é complicada a área da saúde. Em relação ao nosso presidente, é difícil dar uma opinião sobre o que tem dito, porque o Brasil é muito grande, tem muitas pessoas pobres e que moram em lobais delicados, como as favelas. Eu vim de uma. Se todos fazem quarentena, morrem de fome. É complicado, até para os governantes em Portugal. Qualquer medida é apoiada ou criticada, mas eu acredito no presidente do Brasil".
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
As consequências fome e miséria assustam mais do que o vírus? "É preocupante. Penso muito no meu pai e na minha mãe, que tem várias doenças de risco. Se o meu pai fica 30 dias sem trabalhar, as coisas viram uma bola de neve em casa. É preocupante que muitas pessoas fiquem sem trabalhar. Depois os média no Brasil só olham para a parte negativa do vírus, para as mortes, não relevam as pessoas que estão a curar-se".
Indicação do clube: "Teremos de estar em Guimarães no fim do mês. Esperamos que isso aconteça, com normalidade. Quero voltar a fazer aquilo que amo: jogar futebol. Estamos à espera que as pessoas responsáveis da Saúde e do Clube nos digam alguma coisa. Temos treinado com os materiais que o Vitória nos facultou da melhor forma possível. Esperamos regressar logo, mas só temos a indicação de que todos terão de estar em Guimarães no fim do mês. Só não sabemos se será para trabalhar na relva ou ainda em casa. Aguardamos".
O regresso do Nacional ao trabalho: "Se me dissessem que posso trabalhar, eu queria trabalhar logo. Parece que há poucos casos de vírus na Madeira. Não me parece que o clube queira colocar a vida dos profissionais em risco. Se tomaram essa opção é porque o Nacional está seguro em relação a isso, tal como fez o Bayern".
Ordenados: "Quem decide é a direção do clube. Até ao momento, o Vitória não nos comunicou nada. Eu falo por mim: não irei colocar problemas. Estou disposto a ajudar".
Soma 39 golos em Portugal: "A minha esperança é voltar a jogar e a sorrir. Tenho dez golos e falta um para somar 40 em Portugal. Só não marquei na Liga Europa. Marcando mais um, supero a minha melhor marca. É esse o meu objetivo: superar as minhas marcas. E espero que a equipa alcance os seus objetivos no campeonato".
O apuramento europeu: "É a minha segunda época no Vitória e já percebi que é muito importante evoluir a cada época que passa, melhorando as classificações. Acredito que é possível. Já demonstrámos essa capacidade, contra adversários de nível muito elevado. Acredito que poderemos alcançar essa qualificação europeia ou até melhor".