Sem receitas televisivas até dezembro deste ano e com um passivo de aproximadamente 60 milhões de euros, a SAD teve de encontrar soluções. Às vendas que garantiram o encaixe possível juntaram-se as saídas de alguns jogadores com uma folha salarial elevada. A estratégia passa pela aposta em jogadores formados no clube.
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Os últimos dias do mercado ficaram marcados pelas saídas de Tomás Händel e Tiago Silva, que enfraqueceram a equipa no campo desportivo, mas foram consideradas essenciais para a sobrevivência financeira da SAD vitoriana. Os adeptos não escondem a insatisfação, sobretudo nas redes sociais, e António Miguel Cardoso já anunciou que sai se o Vitória não garantir, pelo menos, o quinto lugar no campeonato. O presidente vitoriano está consciente do impacto e do peso dessa declaração, mas também sabe que a recuperação financeira exige um plano apertado.
Com um passivo de aproximadamente 60 milhões de euros, a SAD não conta com as receitas televisivas até dezembro deste ano, tendo em conta o acordo celebrado ainda sob a liderança de Miguel Pinto Lisboa e que permitiu, na altura, antecipar 20 milhões de euros, deixando a atual Direção sem uma receita de cerca de sete milhões de euros por ano.
O acordo para antecipar receitas televisivas obriga agora a uma ginástica financeira, que passou pela venda de alguns dos principais ativos e a dispensa de outros. Explicando por partes, a começar pelas transferências, sobretudo a de Tomás Händel, vendido ao Estrela Vermelha por 3,1 milhões de euros fixos e outros 1,4 M€ em variáveis, com a SAD a reservar 20% de futura mais-valia. O médio chegou a estar avaliado em 13 milhões de euros, foi noticiado o interesse de FC Porto e Milan, mas não saiu e acabou por ver a cotação baixar pelo desempenho que estava a ter esta época. A verdade é que as propostas não apareceram e havia necessidade de vender ativos para fazer face a despesas correntes.
Mesmo com um saldo positivo de quatro milhões de euros neste mercado de verão, há todo um orçamento a cumprir. E não foi apenas Tomás Händel a permitir um encaixe financeiro. Borevkovic (750 mil euros fixos e 375 mil por objetivos, com o Vitória a manter 15% de mais-valias futuras), Filipe Relvas (3,25 milhões de euros, com 250 mil de variáveis e 10% de mais-valias salvaguardadas), Chucho Ramírez (600 mil euros por metade do passe) e José Bica (300 mil euros, com SAD a ficar com 50% de mais-valias futuras) também renderam.
Jogadores com folha salarial elevada
Além das vendas, alguns jogadores saíram a custo zero, concretamente Bruno Varela, Bruno Gaspar e Tiago Silva, que tinham contrato e peso na equipa, assim como no balneário. Nestes casos, o objetivo passou por libertar quem tinha uma folha salarial elevada, algo que também acontecia com Borevkovic.
Tiago Silva, o mais recente jogador a ser transferido, saiu a custo zero para o Al Rayyan, do Catar, e era um dos futebolistas com um salário considerado elevado. Além de ter 32 anos, terminava o contrato no final da época. Dessa forma, e mesmo sabendo que estava a prescindir de um médio com qualidade, a SAD abriu vaga para um jovem promissor como é Gonçalo Nogueira.
A aposta na formação tem sido, aliás, a principal “bandeira” de António Miguel Cardoso. “Temos de fazer tudo para que os jogadores da formação cheguem à equipa principal. Um projeto desportivo alicerçado com outro tipo de jogadores com maturidade”, deixou claro o presidente em entrevista ao Canal 11, no dia 16 de fevereiro de 2024, revelando ainda a aposta na contratação de jovens que joguem nos escalões inferiores ou no estrangeiro. O negócio de Filipe Relvas é um bom exemplo. O defesa-central foi comprado ao Portimonense, valorizou-se e, meses depois, foi transferido para o AEK de Atenas.