ENTREVISTA, PARTE I - Emigrante há seis épocas, decidiu aos 19 anos voltar à casa de partida para lançar a carreira. E teve a bênção do vencedor da Champions, revela em exclusivo a O JOGO.
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Numa entrevista exclusiva a O JOGO, Rafael Camacho revelou tudo: quanto tempo esteve a negociar com o Sporting, o papel de Varandas e a enorme vontade de voltar onde foi feliz - a casa.
Disse no dia em que foi apresentado que estar no Sporting é "um espetáculo". Este quase mês tem sido um espetáculo?
-Tem sido um espetáculo, sim! Como já tinha dito, é muito bom estar de volta a casa, onde tudo começou. Ter voltado e estar com esta equipa é, de facto, um espetáculo.
O primeiro contacto com Marcel Keizer, como foi?
-Tivemos o primeiro contacto no primeiro dia em que cheguei à Academia. Lembro-me de que tivemos uma reunião para ele me perceber a mim e eu a ele - foi mesmo só isso.
Boa primeira impressão?
-Muito boa!
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Frederico Varandas deixou a entender numa entrevista recente que a sua chegada foi um processo que demorou "sete meses". Foi mesmo assim?
-Ele teve um papel muito importante. Havia interesse de ambos: meu em vir para o Sporting e do clube em contratar-me. Desde dezembro que já havia esse interesse de voltar a casa, nessa altura por empréstimo, mas infelizmente não correu bem. Mas agora sim e o sr. presidente teve um papel muito importante na minha chegada.
Jurgen Klopp deu-lhe algum conselho quando surgiu a oportunidade de vir para o Sporting?
-Falei com ele em dezembro, disse-lhe que tinha a possibilidade de voltar, ele disse que sabia mas que naquele momento não me queria deixar ir, porque fazia parte dos planos do Liverpool e estava bem na equipa; antes do verão voltei a falar com ele, disse-lhe que queria voltar para crescer como profissional e ele disse-me que era uma grande ideia, que seria o melhor clube para onde podia ir e que, se trabalhasse, iria ter a minha oportunidade.
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O seu pai, na qualidade de seu representante, disse que o Benfica tentou contratá-lo "até à última"...
-Houve interesse do Benfica, assim como houve interesse de outros clubes, mas eu cresci no Sporting, que é o clube que amo. Disse sempre: se tivesse de voltar a Portugal, seria para jogar no Sporting.
Recordou, também na sua apresentação, que se lembrava de ser apanha-bolas em Alvalade. Agora está muito perto de poder jogar naquele relvado. Está ansioso por esse dia?
-Claro! Será um momento único, um sonho tornado realidade, poder jogar perante os sportinguistas. Estou muito feliz por poder fazê-lo.
Escolheu uma camisola que nos últimos anos parece estar amaldiçoada no Sporting, a 7. Porquê?
-É o número de que mais gosto, o número do meu ídolo, o Cristiano Ronaldo, que sempre usou o sete desde que saiu do Sporting. [n.d.r.: no primeiro ano de Real Madrid, usou o 9]. Quis assumir esta camisa, sem pensar em superstições. Acredito em Deus e acredito que vai correr bem.
Já com os olhos postos na Supertaça, marcada para o dia 4 de agosto, no Algarve, Camacho garante que faz parte de uma equipa cheia de calibre e pronta a lutar por títulos. Não os promete, mas o leão vai dar tudo. O Sporting, sublinha o extremo, parte em pé de igualdade com os rivais e a primeira grande prova será contra o campeão nacional.
A que é que o Sporting se propõe para esta época?
-Como é óbvio, somos o Sporting e queremos ganhar sempre. Ainda assim, temos de e vamos pensar jogo a jogo, em melhorar a cada dia. Não podemos prometer que vamos ganhar tudo, mas podemos prometer que vamos dar o nosso melhor e lutar para o fazer.
Mas o campeonato não será aquela luz que brilha com mais intensidade?
-Sim... Mas é como disse: campeonato, Taça de Portugal... queremos sempre ganhar todas as competições onde estaremos inseridos.
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Sente que o Sporting parte com as mesmas armas dos adversários que assumiram a candidatura ao título, Benfica e FC Porto?
-Penso que sim. São os três grandes do futebol português e todos têm de se preparar para a nova época. É o que estamos a fazer, queremos fazer uma grande época.
A Supertaça, contra um deles, não está longe. Para lá da importância de conquistar um troféu, esse jogo contra o Benfica pode servir para mostrar de que calibre o Sporting é feito?
-Claro, vencer a Supertaça seria uma grande forma de começar a época. Como já disse, queremos ganhar sempre tudo o que disputarmos. Será um bom jogo, especial, e vamos dar o nosso melhor para conseguirmos ganhar.
Já jogou pelo Liverpool, mas esta será a sua primeira grande época no futebol sénior. Está preparado?
-Sim e sinto que foi mesmo por isso que saí do Liverpool para o Sporting, para mostrar que estou preparado e que queremos, como equipa, ganhar títulos. Vamos dar o nosso melhor, sem dúvida.
É jovem, mas passou algum tempo no futebol inglês: sente que isso lhe trouxe maior bagagem para este novo desafio no Sporting?
-Creio que sim, mas, como é óbvio, não tive muitas oportunidades de jogar como profissional, na equipa sénior. Só que a forma como me tenho integrado, como a equipa me tem integrado aqui, tem sido muito especial. Vou estar preparado - aliás, estaremos todos.
O grupo está a crescer?
-Começámos há três semanas, estamos a trabalhar bem e sinto que podemos chegar longe. Temos qualidade e os jogadores certos para conquistar o que pretendemos. Vamos continuar a melhorar.