Queria ser guarda-redes, mas acabou como goleador: "O meu ídolo era Vítor Baía"
Marcelo Santiago imaginou ser guarda-redes, mas tornou-se uma dor de cabeça para eles. No último triunfo do terceiro classificado da série D do Campeonato de Portugal, atingiu um número redondo. Passagem pelo Tondela ficou marcada.
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Começou a competir nesta época na Liga dos Amigos de Aguada de Cima (LAAC), da Divisão de Elite da AF Aveiro. Desejoso por um maior nível competitivo, Marcelo Santiago ingressou no ambicioso São João de Ver, a tempo de marcar o 70.º golo em 179 jogos no CdP, frente ao Vila Cortez. E não estampa golos só dentro de campo, pois é técnico de desenho numa empresa em Águeda.
Tem provas dadas no CdP. Porquê ingressar no LAAC no início da época?
-Por opção. Trabalho e não posso abdicar do que faço. A maior parte dos clubes treina de manhã e não iria conciliar. Até tive vários contactos de clubes com objetivos altos, mas não aconteceu.
Em dezembro, mudou-se para São João de Ver e continua a trabalhar. O que mudou?
-Consegui finalmente conciliar a minha profissão com a parte desportiva, pois agora treino ao final da tarde. O São João de Ver até já havia demonstrado interesse.
Sentiu falta de um maior nível competitivo?
-Sim, sou sincero. Tive alguma dificuldade em me adaptar ao futebol distrital e senti muitas saudades do Campeonato de Portugal.
A equipa está bem lançada. Pediram-lhe muitos golos para a subida de escalão? Há capacidade coletiva?
-[risos] Não me pediram muitos golos, mas sim afinco e trabalho. Sei que é preciso formar uma grande equipa para se alcançarem coisas maiores. Com trabalho e humildade, há capacidade para a promoção.
Avançado estreou-se pelo São João de Ver a fazer o que melhor sabe e passou lustre no estatuto de goleador
Tem uma larga experiência na prova. Como a avalia?
-Tem sido boa, mas não concordo totalmente com o formato, que se torna injusto, no caso das subidas. É um campeonato importante e desperta cada vez mais atenção, o que é bom para os jovens que o disputam.
Já representou 12 clubes. Que experiência destaca?
-A subida do Tondela aos campeonatos profissionais [2011/12], da qual fiz parte, é uma memória que me ocorre logo. Assim como de clubes modestos, como o Estarreja e o Pampilhosa. Fizemos épocas brilhantes e fico contente com o alcançado a nível individual e coletivo na carreira.
Entre 2005 e 2007, esteve nos juniores do FC Porto. O que guarda dessa altura?
-Primeiro, foi um orgulho e uma enorme satisfação ter representado um clube com a dimensão do FC Porto. O sonho era fazer uma carreira diferente, mas tenho noção de que, apesar de não ter sido indisciplinado, não estive à altura nos momentos certos.
Em quem se inspirou para começar a jogar futebol?
-Antes de começar a jogar, queria ser guarda-redes pois o meu ídolo era o Vítor Baía. Depois identifiquei-me com o Hélder Postiga e com o Thierry Henry. Mais tarde, com o Cristiano Ronaldo.
O que projeta para o futuro profissional?
-Sou técnico de desenho para ter conforto financeiro, mas a paixão é o futebol. A longevidade depende da dedicação e a idade pouco importa. Futebol é rendimento.