Pandemia impede Águia Vimioso, em estreia na prova, de ter agora casa própria. Localização geográfica e abandonos causam mais constrangimentos. Primeira vitória reavivou o sonho da permanência.
Corpo do artigo
Seis pontos em 45 possíveis denotam que a estreia do Águia Vimioso no Campeonato de Portugal não corre com o mínimo de feição. Até ao passado domingo, cedera sempre pontos. Na 15.ª ronda da Série A, a tensão foi aliviada ao derrotar o Cerveira, mas o lanterna vermelha está a nove pontos da segurança. Restam 21 em disputa e Octávio Rodrigues, presidente do clube de Bragança, antecipa, por isso, que "ninguém atira a toalha ao chão".
Para tal, nada de chicotadas, pois conta com o "dedicado" treinador Eurico Martins "até ao fim". "Importante é trabalhar com seriedade e temo-lo feito", assinala o líder. Porém, os obstáculos não se cingem ao terreno. Com o recente agravar da pandemia, e como medida sanitária da Câmara Municipal de Vimioso, a equipa ficou impedida de frequentar o Estádio Municipal local. Pisou-o pela última vez a 17 de janeiro, na 12.ª ronda. "Custa-nos, mas acatamos pois as instalações eram gratuitas", entende Octávio Rodrigues. Desde então, o presidente do Águia Vimioso, face às "muitas dificuldades logísticas", foi "bater à porta de autarquias do distrito de Bragança para cederem um espaço, o que recusaram".
O clube encontrou asilo nos redutos do Sendim, para treinar, e do Mirandela (adversário na Série A), para jogar. As viagens de ida, de 40 e 80 quilómetros, respetivamente, são custeadas pelo clube e "feitas de táxi", nas quais "os atletas se alimentam" antes ou após suarem a camisola. O executivo transmontano "só assegura um autocarro" ao Águia Vimioso para "os jogos fora". "Não podemos ir contra a Câmara. Se não fosse ela, não assumíamos o desafio", desabafa, resignado, Rodrigues. O presidente, que gere um orçamento inferior a 100 mil euros, evidencia ainda que a zona geográfica, "fraca em apoios" - alguns "não passaram de promessas" -, acarretou mais entraves. "Para estar em Viana do Castelo [dista 298 km de Vimioso] uma hora antes do jogo com o Vianense [11h], acordámos às 4h30 da manhã", lamenta o dirigente. A partida da 10.ª ronda da Série A culminou com uma derrota por 6-0... já com o plantel desfalcado. Octávio Rodrigues revela que há mais de um mês, atletas saíram por motivos "pessoais" do clube. Originou o incumprimento de regulamentos, por "não apresentar 13 jogadores formados localmente" na ficha de jogo. E nem equipa de juniores há. A dificuldade é frequente, porém a resiliência é duradoura. "Este clube não vai morrer", promete Octávio Rodrigues.
O treinador
Eurico Martins
Idade: 40 anos
Títulos: Nada a assinalar
O treinador bragantino, que goza de profunda admiração do presidente do Águia Vimioso, está a cumprir a terceira época seguida no clube e ficou ligado à subida ao Campeonato de Portugal na temporada anterior, oriundo da Divisão de Honra da AF Bragança. Natural de Vinhais, Eurico Martins iniciou a ainda curta carreira em 2014/15, ao serviço do Sendim.
O jogador
Branquinho
Idade: 38 anos
Posição: Médio
Autor de um golo na primeira vitória do Vimioso, Filipe Branco é um dos jogadores do plantel mais utilizados nesta época. Contabiliza 1043 minutos em 15 jogos disputados, sendo quatro como suplente. O médio, natural de Mogadouro, está no clube há três épocas seguidas.