Pedro Correia, Jorge Miguel e José Vilaça contaram a O JOGO o lado menos conhecido do treinador com quem trabalharam naquele Famalicão que subiu à II Liga e o projetou
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"Quando me pedem uma frase sobre o Daniel Ramos, digo sempre isto: é aquele tipo de treinador por quem o jogador dá sempre um bocadinho mais, consegue ter o grupo sempre do lado dele." Fala Pedro Correia, avançado de 31 anos que foi orientado por Daniel Ramos no Famalicão. O treinador tem no Boavista a quarta experiência na I Liga, mas foram aqueles três anos no Minho, onde conseguiu a promoção à II Liga, que o projetaram. Por isso, O JOGO conversou com três jogadores daquela geração para conhecer o lado menos visível de Daniel Ramos. Pedro Correia, José Vilaça e Jorge Miguel falaram sem saber o que os outros tinham dito, mas até pareceu combinado, tal a sintonia das ideias: paixão, exigência e sensatez. "É muito apaixonado pelo futebol e prepara muito bem os jogos com o estudo dos adversários. Vai ao mais ínfimo pormenor, nunca vi um treinador assim", descreveu Jorge Miguel, lateral esquerdo do Ac.Viseu. Pedro Correia, atualmente no Felgueiras, lembra que Daniel Ramos lhe mostrava "o posicionamento do guarda-redes nos cruzamentos e o lado para o qual se atirava nos penáltis", enquanto José Vilaça sublinha que aquela hora a ver vídeos dos adversários na véspera "notava-se nos jogos".
O rigor nos treinos também é imagem de marca, explica o central do Salgueiros. "Nota-se que o Daniel é calmo, mas vive os treinos com muita intensidade e paixão, pede muito aos jogadores. Tanto ele como os adjuntos intervinham muitas vezes para corrigir", conta Vilaça, grato a Daniel Ramos: "Conseguiu coisas de mim que eu não sabia que tinha."
Apesar da exigência, Ramos mantém a serenidade e lucidez na ressaca das derrotas. "Fazia-nos ver o que não tínhamos feito bem e pedia a opinião dos jogadores, mesmo aos que tinham ficado na bancada. Não se exalta nem se enerva", descreve José Vilaça, mas com a ressalva de Jorge Miguel: "Se tiver que chamar a atenção chama."
Assim, o trio acredita que o Boavista é o projeto certo para Daniel Ramos. "É um clube aguerrido por norma e tradição, ele vai identificar-se com o apoio dos adeptos", atira Jorge. Pedro diz que o técnico "adora ver os estádios a arder" e Vilaça vaticina: "Vai devolver ao Boavista aquilo que ele tem procurado."