Frank de Wit aterrou em Lisboa e foi campeão europeu pelo judo do Sporting. Diz que vai assistir ao jogo com o PSV Eindhoven e torcer pelo apuramento europeu dos verdes e brancos
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A pátria é uma força motriz na essência do ser humano e leva a que os atletas torçam sempre por equipas do seu país... ou não. O JOGO encontrou uma dessas exceções. Frank de Wit, coroado neste mês de novembro como um dos campeões europeus por clubes no judo do Sporting, esqueceu a nacionalidade holandesa para torcer pelos leões ante o PSV, jogo que pode, em caso de vitória, valer o apuramento ao clube de Alvalade no Grupo D da Liga Europa. "Torceria pelo Sporting, porque passou a ser o meu clube, mas sou adepto do Ajax, confesso. Ainda assim, não gosto do PSV. É um grande rival do meu Ajax e posso confidenciar que, assim, até torcerei mais pelo Sporting. Que lhes ganhem e que o PSV fique fora... Quando é o jogo mesmo?", questiona o judoca de 23 anos, desejoso de ver os leões pela televisão.
De Wit ganhou o seu combate de -81 kg nas meias-finais em Odivelas. Cumpriu a missão para que foi resgatado este ano, sabendo o Sporting que o n.º 4 do ranking poderia ajudar ao bicampeonato europeu. Esteve cinco dias em Lisboa e bastou para ser laureado: "Não ligo tanto ao futebol, mas já conhecia o nome do clube. Agora passei a dar mais atenção ao Sporting, mas antes houve alguns holandeses no clube e muito falados pela Imprensa holandesa. Lembro-me do Ricky van Wolfswinkel, que marcava muitos golos, e do Stijn Schaars, que jogava no meio-campo. Claro, o Dost, mais recentemente." Curiosamente, nos sub-23 leoninos militou Mees de Wit, que, apesar do apelido, nenhum parentesco tem com o judoca.
"Não gosto do PSV. É um grande rival do meu Ajax. Assim, até torcerei mais pelo Sporting"
O "sonho" de obter uma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio"2020 comanda De Wit. Campeão mundial e europeu em juniores em 2015, é uma das maiores esperanças na modalidade e nos últimos dois anos acumulou sete medalhas em Grand Slams, provas onde conheceu o interesse do atual clube. "Fui contactado há uns meses pelo Pedro Soares [treinador do Sporting], que quis saber se eu já tinha equipa. Já conhecia os atletas da equipa do circuito mundial e eram campeões europeus. Claro que só queria vir ajudar o Sporting. Sabíamos que todos os adversários queriam ganhar ao campeão europeu. Ficámos muito satisfeitos com o desempenho e o Sporting é uma potência no judo, sem dúvida", revela.
Saeid Mollaei, atleta iraniano, era o desejado para a categoria de peso -81 kg. Tinha acordo, mas durante o Mundial viu-se apanhado num conflito político e obrigado a pedir asilo no estrangeiro. Ironia da vida, veio um holandês, já apaixonado pelo que encontrou: "Ainda é difícil crer que competi por um clube tão grande como o Sporting, com tantas modalidades e, ao mesmo tempo, tão reconhecido no futebol. É bom ter tantos desportos e não é comum na Holanda. O clube já é bicampeão europeu. Eu também quero ser."