No primeiro clássico da época, o titular da baliza do FC Porto exibiu-se a alto nível e segue-se o jogo da Champions com o Atlético de Madrid. Ex-treinador e guardiões pedem calma e espaço para a evolução
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Eleito o melhor em campo pela Liga Portugal no Sporting-FC Porto (1-1), Diogo Costa voltou a dar razão a Sérgio Conceição. Um punhado de defesas de elevado grau de exigência e a estabilidade emocional demonstrada em casa do campeão nacional validam a aposta no jovem, defendem João Brandão, Ricardo Nunes e João Costa, três nomes que conhecem bem a casa azul e branca e que avaliaram a O JOGO a prestação de Diogo.
"Mostrou uma eficácia elevada quando chamado a intervir e, acima de tudo, pôs em prática muitas das características que o distinguem: bom posicionamento e excelente capacidade de decisão no jogo com os pés, assim como a estabilidade emocional necessária para estes jogos", assinalou o atual adjunto do Al-Duhail, que trabalhou com Diogo Costa nos sub-19 e na equipa B do FC Porto.
Ricardo também sublinha as qualidades do dono da baliza portista, mas refere que, por ser jovem, ainda terá "arestas para limar". Ideia que é partilhada por João Costa, que, como Diogo, foi formado no Olival, e aponta à evolução do amigo no aspeto da liderança: "Não podem pedir a um miúdo de 21 anos que, ao fim de quatro ou cinco jogos, seja voz de comando. Em alguns lances já foi visto a dar indicações. Com a confiança que os colegas vão ganhando nele, será natural que se assuma como um líder."
No capítulo da evolução, João Brandão concorda que jogos como o de anteontem "podem fortalecer a imagem do Diogo junto dos companheiros de equipa e dos adeptos". Porém, em fase inicial de carreira, aconselha-se cautela. "Não podemos olhar para ele como alguém infalível, até porque é um jovem e todos os guarda-redes erram, mas vai acertar muito mais do que vai errar, por causa da qualidade que tem", frisa o técnico.
Diogo Costa volta a ir a exame na quarta-feira, frente ao Atlético de Madrid e logo no palco da Liga dos Campeões. O clássico, segundo João Costa, também serviu para preparar o guardião para esse patamar competitivo, onde tem apenas uma partida disputada, com o Olympiacos, na época passada. "O jogo de Alvalade foi de nível Champions, vejo-o pronto para Madrid. Mas têm de deixá-lo crescer. Não podem esperar que tenha sempre exibições brilhantes, ou pensar que ele tem sempre de ser o melhor", ressalvou.
Moldado desde cedo para o lugar
Diogo Costa integrou desde muito novo os trabalhos da equipa principal do FC Porto, numa estratégia de longo prazo que visou moldar o guarda-redes para o momento atual, em que assumiu o posto de titular na baliza azul e branca. "Entrou muito cedo na formação, trabalhou com um departamento de guarda-redes de elevada competência. A vantagem é essa, está a ser moldado há muitos anos. O trabalho desenvolvido na formação foi mesmo muito importante. Agora, o trabalho com a equipa técnica do míster Sérgio dá-lhe o reforço para o que precisa em termos de situação de jogo", explicou João Brandão a O JOGO.
OPINIÕES
João Brandão, Ex-treinador do FC Porto sub-19
"No caminho do Diogo na formação houve sempre lugar a provas de fogo. Jogou a final de um Europeu de sub-17 e depois de sub-19, pela Seleção. Esteve numa final da Youth League pelo FC Porto e, no ano anterior, chegou à meia-final dessa prova. Ele foi sempre testado a um nível muito alto durante o processo evolutivo. Essa é uma grande vantagem para o jogador, que chega a uma equipa principal já habituado a um nível competitivo de alta exigência. Algo que se junta à qualidade que já tem e lhe é inerente."
Ricardo Nunes, guarda-redes do Varzim
"Não cheguei a trabalhar com o Diogo Costa, mas, vendo de fora, trata-se de um guarda-redes moderno, que joga bem com os pés, de perfil sóbrio, com presença e muito forte no um para um, como se viu com o Sporting. Domina bem praticamente todos os capítulos que o guarda-redes completo deve ter, controla bem a profundidade. É lógico que, por fora, só podemos avaliar o que faz nos jogos. Quem trabalha com ele diariamente sabe que lacunas terá e que arestas pode limar para ser ainda melhor."
João Costa, guarda-redes do Granada
"Acho que o Diogo tem todas as condições para suceder ao Rui Patrício na baliza da Seleção, mas os outros que têm sido chamados habitualmente também as têm. Depende da forma de cada um no momento da decisão do selecionador. Nesta altura, o Diogo está bem no FC Porto, mas o Rui Silva, o José Sá e o Anthony Lopes estão a um nível altíssimo nos seus clubes. Tudo vai depender do momento de cada um. A idade pode influenciar. O Rui Silva, o Sá e o Anthony já são mais experientes e isso pode acabar por pesar."