Proença: "Mantemos reuniões frequentes com o Governo sobre regresso do público"
Pedro Proença assina artigo de opinião e passa último ano do futebol português em revista. Confira a primeira parte do comentário do presidente da Liga.
Corpo do artigo
Depois de um ano completamente atípico e cujos danos financeiros, económicos e de saúde continuam por apurar, escrevo este artigo para explicar aos adeptos o que mudou, os enormes desafios que o Futebol Profissional tem pela frente e, também, aqueles que temos na Liga Portugal até 2023, altura em que termina este segundo ciclo, o de maturidade, nos destinos desta organização.
13607629
Gostava de poder transmitir-vos que o Futebol Profissional português está com uma vitalidade invejável, mas todos sabemos que esse não é o panorama atual. Desistir não é opção e a altura é, uma vez mais, de agregação. Esta é uma indústria que contribuiu em 2019-20 com 494 milhões de euros para o PIB (0,26 %), havendo um decréscimo em relação ao período homólogo, justificável pela pandemia. Mas, mesmo assim, e no meio das contrariedades, houve um aumento de louvar nas Sociedades Desportivas e na Liga, para 3163 postos de trabalho, naquele que é o 5.º ano com resultado líquido positivo nas contas da Liga.
Esta coragem, revelada no Anuário que lançámos há poucos dias, sob a chancela da EY, é a que tem caracterizado o Futebol Profissional, no último ano, uma atividade com comportamento exímio durante a pandemia, não só pelos jogos-piloto com público, mas também pelos mais de 60 mil testes realizados.
Mantemos as reuniões frequentes com o Governo sobre o regresso do público e, sabendo que esta é uma realidade distante de acontecer no imediato, estamos já a preparar a Retoma dos adeptos para o arranque de 2021-22
Mantemos as reuniões frequentes com o Governo sobre o regresso do público e, sabendo que esta é uma realidade distante de acontecer no imediato, estamos já a preparar a Retoma dos adeptos para o arranque de 2021-22, numa altura em que a vacinação estará mais adiantada. Percebendo os vários dilemas com que se depara o Sr. Primeiro-Ministro, continuo sem entender que o país desconfine, mas ao Futebol não seja dada essa oportunidade.
Ainda assim, e com espírito altruísta, colocamo-nos na linha da frente para, no início da próxima temporada, o Futebol Profissional estar 100% vacinado, com os jogadores a contribuírem para a sensibilização da população portuguesa na necessidade desta ação, de forma que o país caminhe até à imunidade de grupo.
Mas há ainda outros fatores que nos levam a termos uma palavra com o Governo. O Futebol Profissional necessita de fortes apoios económicos. Numa estimativa feita até dezembro e projetando a época de 2020-21, podemos falar de uma redução de receitas na ordem dos 32% e resultados negativos para as Sociedades Desportivas de 270%, correspondendo a menos 137, 2 milhões de euros.
Exigimos, por isso, ao Governo que olhe para o Futebol com outros olhos, não só pela testagem em massa, mas também pelos incentivos financeiros que a indústria necessita, para fazer face ao caos da pandemia. Têm que ser dados passos nesse sentido!
Investimento
Em cima da mesa do Executivo estão, há muito tempo, pedidos da Liga para que se criem condições fiscais em sede de IVA, IRC e IRS necessárias à captação de investimento no Futebol Profissional, de forma a permitir a retenção do Talento em Portugal, bem como a revisão do regime relativo à reparação de danos emergentes de acidentes de trabalho dos jogadores ou a reformulação do já desadequado regime jurídico das Sociedades Desportivas. Destacamos ainda a necessidade de alterar os regimes das apostas desportivas, para estabelecer uma distribuição justa e equitativa da receita obtida das casas de apostas e, claro, nunca é demais lembrar a importância de uma indústria que deve passar a ter dupla tutela dos ministérios da Educação e da Economia.
Mesmo em cenário pandémico, fechámos um Naming Sponsor para uma competição que será a Liga Portugal Bwin até 2026, com números nunca antes praticados no Futebol português
Falemos, agora, do que de positivo aconteceu. Mesmo em cenário pandémico, fechámos um Naming Sponsor para uma competição que será a Liga Portugal Bwin até 2026, com números nunca antes praticados no Futebol português. Revelei, em maio de 2020, em pleno momento de aflição e quando conhecemos a intenção da NOS em não renovar o patrocínio que termina a 30 de junho próximo, que já estávamos a negociar com várias empresas. Fizemo-lo dentro da maior tranquilidade e discrição, tendo fechado recentemente este contrato de patrocínio, que ajudará - e muito! - a Liga Portugal a corrigir o passivo de 32 milhões de euros herdados quando aqui chegámos em 2015. Mas servirá também, e até pelos mercados que abrange, de alavanca à internacionalização da nossa marca e indústria.
Aos poucos, temos eliminado as ervas daninhas, mas estamos a meio do processo para um caminho maior, sustentado em 90 medidas de cinco eixos estratégicos às quais nos propusemos neste quadriénio.