
Pedro Correia/Global Imagens
Fonte dos minhotos desvalorizou existência de dois memorandos de entendimento existentes com a Liga e o Belenenses, sem que a FPF saiba de um deles.
O processo de reintegração do Gil Vicente na I Liga na época 2019/20 é um caso que parece estar longe de conhecer um epílogo. O jornal "Record" deu ontem conta de que Liga, Belenenses e gilistas tinham assinado, a 12 de dezembro de 2017, dois memorandos de entendimento em que um, enviado para a FPF, indicava que o regresso dos minhotos só seria válido se o órgão presidido por Fernando Gomes pagasse a indemnização decorrente da despromoção à II Liga em 2006, devido ao caso Mateus, enquanto o outro acordo desprovia validade a essas cláusulas. O JOGO quis saber se esta revelação pode atrapalhar ainda mais um processo que parece estar a encontrar uma resistência crescente, já que nesta época está previsto descerem três clubes. Francisco Dias, presidente do Gil, manteve-se incontactável e Pedro Macieirinha, advogado do clube, não quis prestar declarações, mas fonte dos barcelenses vincou que este é um processo "sem marcha-atrás" e atirou-se à contestação e resistência cada vez mais provável que poderá vir do G15. "Estamos surpreendidos. Estas são as mesmas pessoas que votaram a reintegração. Todos os clubes sabiam dos memorandos assinados em dezembro. Resolveu-se um problema, que foi a integração, e abriu-se outro, que é a indemnização", adiantou fonte gilista. O valor da compensação está longe de estar definido, mas a mesma fonte garantiu que "tudo tem andado para a frente".
Recorde-se que Francisco Dias afirmou recentemente "não fazer sentido" falar numa hipotética impugnação dos campeonatos, teoria que António Fiusa, ex-presidente do Gil e um dos principais rostos da luta pelo regresso ao convívio com os grandes, também rejeitou liminarmente. "O Gil Vicente tem de estar na I Liga. Mas, conhecendo o mundo do futebol e este presidente da Liga, já acredito em tudo. Isto é gente volátil que não olha a meios para atingir os fins", referiu, criticando Pedro Proença, líder da Liga, e os clubes que "lutam para não descer". "Pedro Proença apunhalou-me pelas costas. Traiu-me a mim e ao Gil Vicente. E os clubes só estão a fazer esta guerra pois não prepararam bem os seus plantéis e agora veem isto como uma boia de salvação para só descerem dois." Os minhotos estão a disputar a Série A do Campeonato de Portugal, só que os jogos que realizam não contam para a classificação. "Ainda no domingo fui ao estádio e aquilo são jogos-treino. Se o Gil Vicente não subir, como é que vamos fazer? Continua no CdP?", questiona Fiusa. O ex-líder elogiou a postura federativa. "A FPF acatou a decisão e enviou uma recomendação para se integrar o Gil o mais rápido possível. A Liga e os clubes argumentaram que era preciso um ano de carência para se preparar a descida de mais um. Isso está em ata e é um dado adquirido. As pessoas não podem ter memória curta", lembrou.
Entretanto, fonte da Liga garantiu que todo o processo foi claro e transparente, relembrando que toda a situação de reintegração foi validada no TAD e nas diversas Assembleias Gerais da Liga e reforçando, também, que a ação está "em curso".
