Numa nota pública, Rodiney Sampaio fala de "incumprimentos reiterados do Boavista" e destaca que a Liga "não pode legitimar salários em atraso e favorecer infratores"
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A SAD do Portimonense continua com fortes esperanças de poder continuar a competir na I Liga, isto porque surgem dúvidas aos algarvios sobre o processo de licenciamento de algumas SAD para a próxima temporada.
Numa nota enviada à Comunicação Social, Rodiney Sampaio, presidente da SAD do Portimonense, reforça o que já tinha dito a O JOGO na semana passada, acrescentando agora o nome do Boavista como possível infrator.
"O Portimonense e os investidores (acionistas) são rigorosos e cumpridores de todas as responsabilidades e obrigações, em todos os aspetos. Sabemos que o futebol profissional exige hoje o máximo rigor em todas as áreas, especialmente de âmbito financeiro. Temos infraestruturas e estádio de topo, sem dívidas e com saúde financeira, cumprimos todos os deveres e obrigações com a Segurança Social, Autoridade Tributária, seguros, clubes e fornecedores", introduz o dirigente.
Rodiney Sampaio refere-se depois ao clube do Bessa. "É difícil falar sobre o Boavista, um clube histórico, que já foi campeão nacional, mas a verdade é que o sucesso desportivo de outros se confunde com o avolumar de dívidas e polémicas. Há comprovados incumprimentos reiterados no pagamento de salários que já resultaram em procedimentos disciplinares, onde houve condenação por não serem apresentados em tempo útil os comprovativos de pagamentos de salários a funcionários. Jogadores apresentaram rescisão de contrato por salários em atraso e verificam-se incumprimentos diversos junto das instâncias internacionais, sendo público que se encontram impedidos de inscrever jogadores pela FIFA. O caso do Boavista merece a atenção do Portimonense como deverá merecer a atenção de todos os clubes e entidades desportivas nacionais. O incumprimento salarial coloca em causa a integridade da competição. Os pressupostos financeiros e a sua verificação antes do início da época desportiva procura oferecer uma garantia que a competição se desenrolará da melhor forma. A Liga não pode correr o risco de ter greves ou jogadores com salários em atraso na principal competição portuguesa enquanto negoceia o maior contrato de direitos televisivos da história do futebol português. Compete à Liga e a Federação avaliar se os clubes que já são reincidentes cumprem os mínimos requisitos para honrar a maior competição nacional. A Liga tem feito um trabalho extraordinário para o bem do futebol português e pela economia do país, é de louvar o trabalho que estão a fazer e que é reconhecido mundialmente. Legitimar salários em atraso, impedimentos de inscrição ou manobras financeiras é legitimar que todos os outros Clubes e Sociedades Desportivas comecem a fazer das más práticas no futebol uma nova tendência. Não se pode favorecer os infratores em hipótese alguma e não se pode admitir que anualmente se façam novos acordos com a Segurança Social e Autoridade Tributária. Acordos em cima de acordos que prejudicam o erário público. Acordos que à partida se sabe que não serão cumpridos", faz notar.
O dirigente algarvio vai mais longe: "Clubes com salários em atraso meses e meses, acordos ficcionados com a Segurança Social e Autoridade Tributária, dívidas a outros clubes ou, e porque também os há, clubes “de casa às costas”, sem instalações de treino ou estádio. Os clubes quando participam nas Ligas Profissionais sabem perfeitamente o que é legal e moral, as suas obrigações e deveres. Como podemos atrair adeptos aos estádios se os adeptos nem sabem onde o seu clube vai jogar na época desportiva seguinte? Como podemos validar Clubes que pedem a clubes estrangeiros para pagar os valores em “contas de terceiros” – como foi o caso de Bozenik para o Sevilha? Como podem as entidades reguladoras desportivas nacionais validar que os salários dos jogadores sejam pagos em numerário e ou através de empresas veículo? Como pode ser aceite que toda a receita de uma sociedade desportiva esteja transferida para empresas veículo e assim lesando credores – entre eles o Estado? A Liga exerce funções delegadas da Federação Portuguesa de Futebol. Não pode uma Instituição de Utilidade Pública nacional validar a fuga ao pagamento de impostos através de manobras financeiras e jurídicas. O Futebol deve privilegiar a informação transparente. A proveniência dos fundos tem de ser clara e não podem os TOC’s das sociedades desportivas assumir que o pagamento feito por terceiros confere um pagamento nos termos dos contratos de trabalho sob pena de eles próprios responderem em tribunal por falsas declarações. Vamos ficar atentos a tudo para o bem do futebol português. O nosso projeto continua e acreditamos que a justiça será implacável", finaliza Rodiney Sampaio.