Pistolas nem arrefeceram: os novos episódios da rivalidade entre Sporting e Benfica

Eterna rivalidade, eterna conflitualidade. Foi quase sempre assim e assim continua a ser entre Sporting e Benfica. Nesta época o que se viveu na tribuna da Luz, no dérbi da primeira volta, em que Sousa Cintra - então líder da SAD do Sporting após designação da Comissão de Gestão -, se sentou ao lado de Domingos Almeida Lima, vice-presidente do Benfica, foi uma breve interrupção na rivalidade histórica e, por vezes azeda, entre os dois clubes, que tem sido pródiga em conflitos. Hoje, depois desse hiato, Frederico Varandas e Luís Filipe Vieira vivem num clima de guerrilha, demonstrando-o de forma mais ou menos clara a animosidade face ao outro.

citacao Presença de Sousa Cintra na tribuna da Luz na primeira volta foi breve cessar-fogo. Varandas vai para o primeiro dérbi na liderança e é pesado nas palavras; Vieira tem calo e prefere os bastidores

Os episódios recentes têm como ponto de partida a indignação de Varandas por ver o rival envolvido em casos judiciais, o qual rebateu pelo seu líder. "Se continuar assim não vai durar muito no Sporting", disparou Vieira em novembro. O médico voltou à carga por ter visto a SAD rival fora da barra do tribunal no processo e-Toupeira, que se seguiu à ameaça de recurso da decisão da juíza Ana Peres. "É uma tristeza para o futebol português que um alto quadro de um grande clube vá ser julgado por corrupção", disparou, referindo-se ao anterior assessor jurídico da SAD dos encarnados. Vieira que, sabe O JOGO, nos círculos próximos até demonstrou "ter uma boa impressão" inicial sobre o homólogo de Alvalade, começou nos bastidores a procurar ferir o rival, algo que tinha tentado fazer nos últimos dias do mandato de Bruno de Carvalho - em que procurou levar para a Luz Gelson e Bruno Fernandes, atletas que rescindiram os contratos com os leões após o ataque à Academia em maio último. Vieira estava então imbuído pela "loucura", admitida perante os sócios, de retaliar os desvios de Pacheco e Paulo Sousa para Alvalade no verão de 1993.

Varandas, antes de fazer novo ataque a Vieira, pressentiu as armadilhas colocadas pelo Benfica nas contratações de Luiz Phellype e Idrissa Doumbia. Ambos foram assediados, movimentação que inflacionou os negócios e afetou os leões (ler peças à parte). Mas Vieira prosseguiu: apurou o nosso jornal que os encarnados tentaram desviar Tiago Djaló, jovem central que estava em final de contrato e em rutura com a SAD leonina. Varandas atacou Vieira após as meias-finais da Taça da Liga, a pretexto das críticas deste ao árbitro Fábio Veríssimo. "Lida-se com a derrota com dignidade, depois há a versão histérica e a versão cobarde", declarou. Ontem, já depois de um editorial arrasador, novo ataque de Varandas (ler página 10) e Vieira a escolher o timing do contra-ataque. Em Alvalade, amanhã, um ficará na tribuna, outro no balneário.

ATAQUES VELADOS

Luiz Phellype em Alvalade apenas pela possibilidade de jogar mais

O avançado brasileiro Luiz Phellype, então no Paços de Ferreira, estava a meses de terminar o contrato. O Sporting foi à luta, colocou em cima da mesa 500 mil euros e o empréstimo de Rafael Barbosa e Elves Baldé, enquanto o Benfica oferecia 750 mil e um jogador. O Paços de Ferreira estava inclinado para a Luz, mas a ideia do atleta de que em Alvalade jogaria mais foi decisiva.

Mandato para negociar Doumbia no dia em que ficou à leão

Tal como no processo de Luiz Phellype, o interesse desportivo do Benfica em Idrissa Doumbia era residual, mas no dia 15 de janeiro os da Luz mandataram a Soccer Mondial para negociar o médio com o Akhmat Grozny. Doumbia estava quase certo à leão, mas o Benfica acabou por inflacionar o negócio.

Ataque a Tiago Djaló foi tardio face aos argumentos do AC Milan

Tiago Djaló não quis renovar e Varandas temeu perde-lo a custo zero. Vieira foi a jogo, falou com intermediários, mas o jovem central já estava encaminhado para o AC Milan, que acordou verbas com o Sporting.