Pinto da Costa e Rui Costa frente a frente: fazer história ou invertê-la num duelo de gerações
Há algo mais em disputa além da liderança, amanhã: o Benfica nunca esteve dez partidas consecutivas sem bater o FC Porto. Tal como Pinto da Costa, Rui Costa chegou à presidência no decorrer do maior jejum de vitórias diante do rival. O líder dos dragões virou a página e não perde com os encarnados há nove jogos.
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Sem jogar nem dar a tática, mas como figuras máximas dos respetivos clubes, Pinto da Costa e Rui Costa vão amanhã defrontar-se pela quarta vez, num clássico FC Porto-Benfica que terá em discussão algo mais do que a liderança.
Entre a mais longa presidência da I Liga e uma das que leva menos tempo, qual choque de gerações, um lado vai torcer pela obtenção de um registo histórico, enquanto o outro quer que os seus homens virem a tendência recente.
Os encarnados chegam à casa do rival ainda invictos e no primeiro lugar do campeonato (três pontos de vantagem) com o objetivo de colocar um ponto final naquela que já é a sua pior série de sempre no duelo mais aliciante do futebol português. Pela segunda vez na história, o Benfica está há nove jogos sem bater o FC Porto, mas agora numa sequência com mais derrotas, sete.
Rui Costa, eleito há sensivelmente um ano, esteve nas últimas três e é curioso constatar que Pinto da Costa atravessou um período semelhante nos primeiros tempos à frente do FC Porto. A caminhada que catapultou os dragões iniciou-se em abril de 1982, contudo, por essa altura, seguiam por um trilho doloroso de sete clássicos sem vencer - o seu pior registo e que só acontecera nos anos 60 -, sendo que Jorge Nuno esteve em cinco deles, incluindo uma final da Taça de Portugal perdida no Estádio das Antas, em 1983. Ao sexto encontro, o novo líder azul e branco por fim impôs-se e a tendência inverteu-se: em dez partidas, os dragões ganharam seis e perderam duas. Não faltaria muito tempo até o FC Porto construir a primeira série de nove encontros sem perder com o Benfica, na viragem dos anos 80 para os 90, ainda que aí tivessem sido cinco empates e quatro triunfos.
Dir-se-á que a história e a estatística não entram em campo e que estes são os jogos que se disputam como se fossem o primeiro e o último ao mesmo tempo, mas os números estão aí para apimentar ainda mais a partida, ou pelo menos as emoções que nasçam no apito final. Nos últimos 20 duelos, o Benfica ganhou três e o último foi no Dragão, em 2018/19.
Contudo, como o futebol está longe de ser uma ciência exata, também é possível que os encarnados atinjam o décimo jogo consecutivo sem vencer o FC Porto, mas saiam da Invicta com poucos motivos para tristezas. Falamos, claro, de um empate que deixaria tudo igual na classificação e manteria a invencibilidade das águias em todas as competições esta época.
Os desafios da diplomacia vistos nos cumprimentos
Em dezembro, no duplo confronto no Dragão, os presidentes saudaram-se, a primeira das vezes num abraço que motivou críticas de alguns benfiquistas. Em fevereiro, num evento da Liga, o aperto de mão repetiu-se, ao contrário do último jogo, em maio.
"Os paladinos dos clubes não aceitam que dois presidentes se conheçam há muitos anos. Fizeram uma guerra que levou a que, quando fomos à Luz, o Rui Costa não me cumprimentasse nem me olhasse. Tenho a certeza de que não tem nada contra mim, mas sabe que, se me cumprimentasse, ia levar pancada", comentou Pinto da Costa, no verão, garantindo que "sempre teve uma boa relação" com Rui Costa. Com ou sem cumprimentos amanhã, os dois presidentes não deverão ver o jogo lado a lado.