ENTREVISTA EXCLUSIVA - O central faz um balanço positivo da primeira metade da época e sublinha a forma como a equipa soube reagir ao falhanço na Champions. O plantel partilha a convicção do treinador na conquista do título
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Pepe chegou uma hora depois do horário acordado para a entrevista porque fica sempre a trabalhar um pouco mais e esse - juntamente com noites bem dormidas - é um dos segredos para a boa forma que revela aos 36 anos. O atraso não condicionou o central, que abordou todos os assuntos propostos por O JOGO. Foram mais de 40 minutos de conversa animada.
Está quase a fazer um ano que o Pepe regressou ao FC Porto. Porque o fez?
Primeiro porque tive três anos, na primeira passagem, que foram espetaculares. Poderia ter ido para outro clube da Europa, mas regressei porque queria voltar a sentir o carinho de estar no clube de que gosto, queria dar o conhecimento e experiência que adquiri, no Real Madrid e na Seleção, aos jovens. Senti-me feliz porque o FC Porto desde o primeiro momento demonstrou interesse em mim. Pensei: "Posso ficar mais dois anos no estrangeiro ou regressar a casa..." Ponderei com a minha família e decidi voltar.
Encontrou um clube muito diferente, quase 12 anos depois?
Não muito. As pessoas estão mais velhas [risos], mas a essência, o querer, continua a estar aqui. O presidente está cá há muitos anos e este clube respeita muito as pessoas que lá trabalham. Sentimo-nos acarinhados e é um prazer ir ao Olival ou ao Dragão. Este prazer é algo que não se compra e continua a existir.
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Está praticamente concluída a primeira metade da época: que balanço faz?
Bastante positivo, estamos a lutar pelas três provas nacionais, que são o principal objetivo. Estamos na Liga Europa, onde queremos chegar o mais longe possível. Estamos focados e unidos num trabalho coletivo para conseguir esses objetivos.
O FC Porto está habituado à Liga dos Campeões. Nesse sentido, a eliminatória com o Krasnodar foi a maior deceção?
Frustração é uma palavra forte. Não estava nos nossos planos. Queríamos estar na Champions, onde merecemos estar. Dentro dessa parte menos positiva, a equipa soube reagir bem, e não era fácil. Tivemos força, unimo-nos e encarámos o grupo da Liga Europa com toda a seriedade. Ficou demonstrado que não era fácil. Tenho de dar uma palavra a nós, jogadores, porque fomos um grupo bastante unido depois de uma eliminação, em casa, que deixa sempre uma marca.
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Que razões aponta para a falta de consistência da equipa, que o próprio Sérgio Conceição já reconheceu ter visto nalguns jogos?
Tudo o que pudermos tentar justificar vai ser visto pelos adversários como uma desculpa, ou que estamos a "chorar". Estamos nas três competições nacionais e na Liga Europa, ou seja, estamos dentro da expectativa do que este clube exige. É verdade que o míster diz que nalguns jogos, principalmente fora de casa, poderíamos resolver logo na primeira parte, e depois entra aquela ansiedade que acaba por ser normal. O importante é a equipa não perder o foco e saber o caminho que tem de percorrer.
Será uma questão mais mental? No Dragão, ainda nem sofreram golos nas provas internas...
A nossa equipa é muito constante ao longo dos 90", com uma pujança muito forte. Em casa, não quebramos, mantemos o ritmo. Fora temos o mesmo pensamento e atitude, mas também temos de saber jogar com a estratégia dos adversários. Não digo que seja antijogo, mas muitas vezes não nos deixam manter o ritmo. Temos de estar preparados para tudo, os adversários vão utilizar todas as ferramentas para tirar pontos ao FC Porto.
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