Avançado de 18 anos deixou o Belenenses no defeso e já é visto na Academia como uma das grandes descobertas da prospeção leonina. Os estudos são apenas uma parte do sonho
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De boleia em boleia, de colegas ou padrasto, Pedro Marques não perde o norte. Os estudos - o curso de Gestão Hoteleira na Universidade Europeia - não travam a versão indomável que o avançado tem demonstrado à frente das redes, levando a que seja apontado como um dos valores mais promissores a despontar na Academia, depois de deixar saudades no Restelo, onde descobriu a atração pelos golos. Os 18 anos nas pernas, ou os "25 ou 26 que tem na cabeça", como avalia Sousa, treinador dos juniores do Belenenses que ajudou a moldar o craque em potência, levam-no a "ver mais à frente", mostrando a sua personalidade peculiar, a mentalidade forte, que o tem feito superar as barreiras que a vida lhe tem colocado à frente, como a morte do pai quando tinha apenas dez anos.
Hoje, de golo em golo, como se viu em Madrid, ao Dortmund ou em campos da II Liga, num total de 10 em 13 jogos, Pedro Marques ganha o respeito dos colegas e sportinguistas. Sousa explica-se. "É extremamente rápido, veloz, combativo, com uma capacidade física muito acima da média, tal como o é tecnicamente. Antecipa sempre as opções, vai ter um futuro gigante pela frente. Não é profissional, mas pensa como profissional. "O que vou fazer quando a bola chegar aos meus pés?" Ele sabe sempre o que fazer. O homem faz golos de e em todo o lado", elogia, lembrando a preocupação dos estudos: "Nas alturas dos testes, quando os miúdos estavam mais aflitos, cheguei a dispensá-lo de alguns treinos. Mentalmente é um miúdo estupidamente forte."
O conflito entre o clube e a SAD deixou Pedro Marques à mercê de quem o quisesse levar. Os 100 euros mensais do contrato de formação com o Belenenses multiplicaram-se por dez em Alvalade. Patrick Morais de Carvalho, presidente do clube do Restelo, recomendou à SAD, por carta, que lhe fosse feito um contrato profissional, tal como o fez com Eriberto e Tiago Martins. Nada feito. "É um produto em vias de extinção, tem grande instinto pela baliza. O Belenenses transformou-o num ponta de lança. Quando transitou de juvenil para júnior teve uma evolução extraordinária em termos físicos e técnicos. Não conseguimos oferecer um contrato profissional, por não determos essa tutela", lamentou, na medida em que viu a equipa principal do Restelo desperdiçar um enorme talento. Pedro Marques seguiu caminho até à Academia. "Virou ponta de lança quase por acaso e agora tem engodo pela baliza, encosta com perfeição, é um produto raro", enfatizou.
Benfica recusou o 9 que nasceu central
Pedro Marques está a fazer a sua segunda época como avançado, ele que iniciou a formação como defesa-central, passando para seis, oito e dez, até chegar lá à frente, momento em que o Benfica o recusou. Na Luz, onde foi oferecido como promessa na arte do golo, os treinadores da formação defenderam que Pedro Marques não era ponta de lança para o Benfica. Sousa, treinador dos juniores do Belenenses, aproveitou o que Pedro Silva, atual técnico do Mafra, descobriu, quando apostou no improvisado avançado na fase final de juvenis na época 2014/15. E nos juniores foi só somar.