FC Porto avançou porque vê no brasileiro um reforço para o meio, para as duas alas ou para o ataque.
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O FC Porto preparou-se para este mercado com pouco fundo de maneio, mas um perfil claro daquilo que procura para reforçar a equipa de Sérgio Conceição: polivalência com qualidade. Na impossibilidade de contratar um jogador para cada posição em défice, Sérgio Conceição pensou em soluções capazes de desempenhar mais do que um lugar com a mesma qualidade. Rúben Ribeiro era uma das hipóteses, Paulinho outra. O jogador do Portimonense pode fazer quatro posições diferentes no 4x4x2 que o treinador portista privilegia: médio de transição, ala-direito, ala-esquerdo ou segundo avançado. Em 4x3x3, no modelo que melhor conhece, também: joga como 8, como 10 ou em qualquer uma das alas. Tem sido esse o pão nosso da carreira do jogador, embora em Portugal tenha alinhado maioritariamente no meio. Mas quem trabalhou com ele não hesita em apontá-lo a vários lugares. "É um jogador um pouco selvagem, à imagem de Rúben Ribeiro, por exemplo. É daqueles jogadores pouco domados que faz bem o meio e pode cair na ala com qualidade. Ser pouco domado não é necessariamente mau. É muitas vezes uma qualidade", apontou Horácio Gonçalves, que o treinou no Farense e foi, possivelmente, o maior responsável para que Paulinho não caísse no esquecimento. Mas já lá vamos. Paulo Alves, que o orientou no Beira-Mar, não o vê como ala. "Vejo-o como médio de transição ou de organização. Aí sim, tenho a certeza de que pode ser muito importante. Tem visão de jogo, é muito forte nos duelos individuais e consegue sair do 1x1 com facilidade. É um jogador de qualidade acima da média", resume o atual técnico do Gil Vicente. Em Aveiro, Paulinho partilhou o meio-campo com Edu, da formação portista e agora a jogar no Lourosa. "Neste FC Porto, não o vejo a fazer de Herrera. Tem recursos para jogar numa faixa e cair para espaços interiores. E também funcionará bem como segundo avançado", acredita.
FC Porto à segunda
Para Paulinho, jogar no FC Porto será um sonho concretizado e realizado... à segunda, ainda que da primeira nada tenha sido concreto. Paulinho chegou ao Beira Mar em janeiro de 2015. No meio de muitas dificuldades financeiras, destacou-se e encheu as medidas a Horácio Gonçalves. "Reparei nele e quis levá-lo comigo para o Santa Clara. Mas eu só fiquei lá um dia (mudou o presidente e chegou Filipe Gouveia) e o Paulinho acabou por não entrar. Perdi-o de vista, tentei que alguns colegas o contratassem, mas ficou sem clube e foi treinar para Espanha. Mais tarde, assinei pelo Farense e indiquei-o", conta-nos. António Barão, então presidente dos algarvios, confirma. "Chegou por indicação de Horácio Gonçalves. Não custou nada, rapidamente se impôs. Podemos dizer que se recuperou como jogador em Faro. Quisemos renovar com ele, mas já não fomos a tempo, pois ele já teria um compromisso assumido. Na altura falava-se do FC Porto, pois, num jogo em Chaves, alguém falou com ele, apresentou-se como em representação do FC Porto, que estaria interessado. Ele já estaria comprometido com o Portimonense, mas isso não sabemos ao certo. Foi o que se ouviu em Faro", recorda.
A verdade é que em Portimão foi José Augusto (hoje no Covilhã) a recomendar a sua contratação. Mas o treinador saiu no final da época e foi Vítor Oliveira que o recebeu e completou o desenvolvimento que agora o leva ao FC Porto. À segunda, mas bem a tempo de se impor.