"Passámos a usar roupa mais chique e o boné não ficava bem. Então, surgiu a boina"
Vão vê-lo sempre de boina, seja em que clube for. E, não, não é superstição, é mesmo por uma questão de conforto, porque Álvaro Pacheco não gosta de levar com chuva nem com sol na careca
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Álvaro Pacheco será uma espécie de campeão da humildade, mas que ninguém se engane: não lhe falta ambição, como a de um dia ouvir o hino da Champions League. No FC Porto, no Benfica ou no Sporting, não interessa. O importante é chegar a esse momento...
"Não sei onde, mas sei que vou chegar lá. Sei as minhas metas, é para isso que trabalho todos os dias, com muito prazer. Continuo a aprender, como no meu tempo de adjunto, aprendi imenso; antes disso, já tinha aprendido como futebolista, lidei com muitas culturas. Nunca pensei que ia ter jeito para isto. E acho que tenho um certo jeito", diz, bem disposto, mas convicto de que o percurso irá bater no céu, mais tarde ou mais cedo, porque Álvaro é um homem de convicções e de ambições.
Chegou à Liga Bwin com 50 anos. Ora, o que terá andado fazer estes anos todos? "Sou um apaixonado pelo futebol e tenho o privilégio de fazer aquilo de que mais gosto. Enquanto era adjunto, não tinha a ambição de ser treinador principal. Quando surgiu a oportunidade, fiquei um bocado na dúvida. Os meus amigos e os meus filhos foram determinantes, porque me apoiaram".
Considera-se um "treinador exigente", mas "muito amigo dos jogadores". O caso de Samu - que usou pitons de borracha no jogo com o Benfica, e esteve na origem do golo que deu na derrota vizelense, é passado - revela a exigência do treinador, mas trouxe também uma satisfação: "O caso do Samu já passou, mas, mais do que tudo o que aconteceu, foi a reação dele que me deixou satisfeito. A atitude, o compromisso, as ações e as palavras que ele teve revelam que é um jogador de equipa. Conheço-o há muitos anos e não me surpreendeu. Deixa-me muito orgulhoso".
Pronto, e chegou o momento de matar a curiosidade. Afinal, porque usa Álvaro Pacheco uma boina, uma imagem de marca?
"Sempre gostei de usar boné, mesmo quando era adjunto. Tanto no Fafe como no Vizela, sempre usei boné. A determinado momento, passámos a usar uma roupa mais chique e o boné não ficava bem. Foi então que, aqui no Vizela, me lançaram o desafio da boina. Gostei, gostei muito e ficou. Não é por superstição, nada disso, sou uma pessoa muito prática. Nos treinos uso boné, nos jogos e na minha vida fora daqui, é a boina. Sendo careca, como sou, é muito desagradável levar com o sol ou com a chuva, ainda mais durante um jogo de futebol. É mesmo uma questão de conforto". E o treinador garante que, se um dia for para um dos três grandes, continuará a usar a boina. "Disso pode ter a certeza".
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É um homem sempre disposto a aprender e, nesse sentido, explica o facto de ter dito, um dia, que gostava de falar com Jorge Jesus durante uns minutos. "Há vários treinadores que são uma referência para mim, o Jesus é um deles, como é o Sérgio Conceição, que tem feito um trabalho fantástico à frente do FC Porto. Adorava conversar com ele. Eu acho que não havia nenhum treinador que fosse capaz de fazer o que ele está a fazer no FC Porto. Como o Rúben Amorim, que deu uma nova vida ao Sporting".
"O meu filho gosta de dar a opinião, a minha mulher também"
A família é um suporte fundamental na vida de Álvaro Pacheco. Os filhos, Álvaro Tomás, 17 anos (joga nos sub-18 do Vizela), e Mafalda, 15 anos, são também críticos do trabalho do pai. "O meu filho gosta de discutir futebol comigo, gosta de perceber as coisas; a Mafalda está mais virada para o ténis".
E Álvaro confessa que a esposa, Daniela, "é uma boa conselheira": "Ela dá-me sempre uma opinião. E há muitas ideias que fazem sentido. Tenho a felicidade de ter muitos e bons amigos e uma excelente família, com quem vivo os melhores momentos".