"Palmeiras e Boca jogarem de igual para igual com Benfica e FC Porto prova a evolução..."
Ronaldo Guiaro, antigo central do Benfica (1996-2001), medalha de bronze olímpica em Atlanta'1996 e atualmente adjunto no Brasil, comenta o embate dos encarnados com o Boca Juniors e o duelo FC Porto-Palmeiras
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Aos 51 anos, Ronaldo Guiaro mantém a ligação ao futebol que o levou a somar 175 jogos e cinco golos de águia ao peito entre 1996 e 2001. Hoje, o ex-internacional brasileiro trabalha como adjunto numa equipa de Goiás e ostenta a Licença PRO da Confederação Brasileira de Futebol, mas continua atento ao percurso do Benfica, sobretudo agora, com os encarnados em pleno Mundial de Clubes .
Formado no Guarani, Guiaro chegou à Luz em 1996, onde partilhou balneário com nomes como Nuno Gomes, João Pinto, Michel Preud’Homme, Erwin Sánchez, Paulo Nunes, Gamarra e Amaral. Foi orientado por Jupp Heynckes e, mais tarde, por José Mourinho, treinador que continua a ser “uma das grandes inspirações” na sua carreira.
“Nuno [Gomes] é antes de mais um grande amigo dos meus anos em Portugal”, recorda Guiaro. “É uma pessoa fora da caixa e tem vindo a fazer um trabalho muito bom no Benfica. Apesar da competitividade interna e de um orçamento bem menor do que outros colossos europeus, o clube pratica um futebol de primeira linha e mantém uma política exemplar de valorização de jogadores.”
O antigo central, medalha de bronze com a seleção do Brasil nos Jogos de Atlanta’1996, vê o Mundial de Clubes como um barómetro da evolução tática entre continentes:
“Assistir a estes jogos que o Mundial nos proporciona é uma autêntica escola: da Europa recebemos lições de organização e mentalidade; do Brasil, cada vez mais próximo dos padrões europeus, surge a criatividade e a adaptação. A componente física, a análise de desempenho e a recuperação tornaram-se determinantes.”
Sobre os confrontos lusófono-sul-americanos, Benfica-Boca Juniors e FC Porto-Palmeiras, Guiaro destaca o equilíbrio:
“Foram jogos muito equiparados, com ambas as equipas a querer mandar no jogo. O facto de Palmeiras e Boca jogarem de igual para igual com Benfica e FC Porto prova a evolução do futebol sul-americano. Acredito que o título acabará por sorrir a um emblema europeu, sobretudo pela capacidade financeira para atrair jogadores de topo, mas estou certo de que os brasileiros não ficarão atrás no que toca a competitividade.”
Radicado no centro-oeste brasileiro, Ronaldo Guiaro continua a trabalhar para, um dia, regressar à Europa como treinador principal. Enquanto isso, não esconde o orgulho em ver o clube onde brilhou sob os holofotes mundiais: “O Benfica fez-me crescer como jogador e como homem. Ver os encarnados no Mundial, contra adversários históricos como o Boca, é reviver parte do meu próprio trajeto.”