Otávio começou no futsal, saiu como "desconhecido" do Brasil e hoje é imprescindível no FC Porto. Grau de evolução espanta até o técnico que o descobriu no futsal.
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Autor do golo que abriu caminho à vitória (2-0) do FC Porto sobre o Portimonense, Otávio pôs fim a um jejum de 30 jogos sem marcar. A seca durava desde janeiro e o remate certeiro coincidiu com o regresso do médio à titularidade, depois de uma lesão na grade costal. Para o "Baixinho", foi "só" mais uma grande exibição para juntar a tantas outras que já fez de azul e branco, num percurso que continua a surpreender até quem o conhece bem, mas que, em simultâneo, pareceu estar desde cedo no horizonte.
Regresso aos golos, 30 jogos depois, embala o médio para o embate com o Bayer Leverkusen. Barão Xavier ajudou-o a transitar da quadra para o relvado e lembra "o carinho que já tinha por Portugal".
"Sinceramente, nunca pensei que pudesse chegar a este nível. Sempre acreditei nele, podia acontecer, mas foi muito além do que eu e muitos imaginavam. Mas já em miúdo demonstrava carinho por Portugal, tinha Ronaldo como referência. Foi destino afirmar-se aí e jogar com ele na Seleção", conta, a O JOGO, Barão Xavier.
O treinador que descobriu Otávio com apenas nove anos, numa partida de futsal em João Pessoa (terra-natal do jogador), recorda o luso-brasileiro como "um menino muito habilidoso e a chamar a si a responsabilidade do jogo e da equipa".
"Encheu-me as medidas quando o vi. Aos 10 anos, levei-o para o Santa Cruz, onde começou a fazer a transição para o futebol. Na quadra era atacante, no relvado era médio, porque tinha de ser mais completo e perceber melhor o jogo", relata Barão. A adaptação, diz, "tornou-se fácil", apesar dos "obstáculos naturais": "Ele era diferente. Vinha de trás, queimava linhas, era raçudo... Sempre muito competente. Mais tarde, foi captado pelo Internacional e, com 15 anos, integrou a formação", recorda.
Otávio chegou ao FC Porto em 2014. Começou na equipa B, foi cedido ao V. Guimarães e voltou em 2016. O resto, como se diz, é história...
A partir daí, Otávio foi queimando etapas e chegou à primeira equipa do clube de Porto Alegre. Até que, em 2014, entrou em cena o FC Porto. "Além da qualidade que tem, é muito cumpridor com o sistema e as ideias do treinador. Quando foi para Portugal, soube que ia crescer. Mas foi uma surpresa, para mim e para toda a gente. Por ter saído muito cedo do Brasil [com 19 anos], sem jogar muito tempo no futebol profissional, acabou por ser um desconhecido do grande público brasileiro. Agora, aqui no Nordeste, quem conhece o Otávio torce muito por ele, no FC Porto e na Seleção", garante Barão Xavier.
"Aqui no Nordeste, quem conhece o Otávio torce muito por ele, tanto no FC Porto como na Seleção"
Oito anos e 246 jogos depois de aterrar na Invicta, Otávio é hoje uma das pedras basilares do FC Porto de Sérgio Conceição. De surpresa a certeza, o 25 aponta a mais uma época de sucesso no Dragão, embalado pelo primeiro golo na temporada e totalmente recuperado do tal problema na grade costal. Um tónico de motivação em dose dupla antes do decisivo duelo de quarta-feira com o Bayer Leverkusen, na Alemanha.
Uma fórmula replicada e o "encaixe no Escrete"
Em setembro de 2021, Otávio estreou-se pela seleção portuguesa e, na altura, O JOGO falou com Barão Xavier em jeito de antevisão. Um ano depois, o técnico mostra-se "muito feliz" com a afirmação do "Baixinho" de Quinas ao peito e reconhece que o médio "teria lugar" no Escrete.
Encaixava bem na seleção do Brasil, mas não teria tantas oportunidades. Estou convencido de que fará um bom Mundial", afirma. Quem está na canarinha e também passou pelas mãos de Barão é Matheus Cunha, avançado do At. Madrid que atravessou um processo semelhante ao de Otávio. "Agora tenho um projeto - o CT Barão - que já formou dois campeões olímpicos. Um foi o Matheus Cunha, que descobri na mesma equipa de futsal de Otávio. Uma coincidência!", remata.
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