Assembleia Geral do organismo durou mais de seis horas e foi decidido avançar para um novo modelo de governação, que implicará novo ato eleitoral em breve.
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Nem se demitiu, nem pôs o cargo à disposição. Pelo contrário, o presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, resistiu à pressão das últimas semanas e terá sentido que ainda tem caminho a percorrer na liderança do organismo, apesar do "puxão de orelhas" protagonizado por alguns clubes em plena assembleia geral extraordinária, que decorreu na segunda-feira, no Porto.
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A novidade é que os clubes decidiram avançar para um novo modelo de governação, o que implicará revisão de estatutos e um novo ato eleitoral em breve. A assembleia geral para votação e possível aprovação dessas alterações deve acontecer ainda antes do arranque dos campeonatos profissionais de 2020/21.
A apresentação de um novo formato de gestão (ver em baixo) da tutela do futebol profissional foi apresentado por Pedro Proença, que estava à espera de melhor oportunidade desde 2018. Modelo que teve a concordância alargada dos 34 emblemas presentes.
E o atual presidente não só resistiu à contestação, como somou apoios para se apresentar num futuro escrutínio para defender o modelo que preconiza. Pelo que é aceitável dizer que a sua ponderação, nos próximos tempos, seja a de concorrer, de novo, ao cargo, mesmo depois de ter sido intensamente visado no episódio das cartas ao Governo e à Presidência da República, quando tentou negociar transmissões em sinal aberto da I Liga, e fragilizado pelo anúncio da não renovação da NOS, principal patrocinador do campeonato, a mais de um ano do termo do contrato. Refira-se, aliás, que Proença foi reeleito para um segundo mandato há ano, com 95 por cento dos votos.
Clubes querem novo modelo governativo da Liga. Vão trabalhar na proposta apresentada por Pedro Proença e a necessária revisão estatutária para o implementar obrigará a novo ato eleitoral
Durante a reunião magna, que durou mais de seis horas, vários emblemas revelaram apoio expresso à continuidade de Pedro Proença, nomeadamente FC Porto, Moreirense, Santa Clara, Boavista e a maioria dos clubes da II Liga, apurou O JOGO.
Do outro lado, um dos mais visíveis contestatários foi o presidente do Benfica. Luís Filipe Vieira admitiu até, à saída, ter sido contactado por "dois interessados" na próxima corrida eleitoral. Para já, a decisão da AG implica que um grupo de trabalho constituído pelos clubes trabalhe a proposta do novo modelo de governação, preparando-a para posterior aprovação em nova assembleia geral, desta vez para alterar estatutos e, assim, permitir a realização de eleições antecipadas.
Uma última nota para as tentativas frustradas de Cova da Piedade - propôs nova AG para censurar Proença - e Feirense - para retomar a II Liga -, propostas que a assembleia recusou.
O novo modelo de governação
O novo modelo de governação da Liga, ontem proposto pelo executivo liderado por Pedro Proença tem diferenças substanciais no que diz respeito à gestão do organismo e nos poderes deliberativos da tutela do futebol profissional.
Desde logo, a presidência do organismo transforma-se num órgão executivo unipessoal e desaparece a atual Direção, promovendo-se também o reaparecimento do Conselho de Presidentes e reforçando os poderes do Executivo (que está atualmente abaixo da Direção). Recordamos que a atual Direção é constituída pelo presidente da Liga, representante da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e oito clubes (três melhores classificados da média das últimas cinco épocas e dois cooptados do principal escalão, mais três eleitos pelos emblemas da segunda divisão.
O novo modelo, poderá irá a votos numa próxima reunião magna, mantém a assembleia geral como máximo órgão deliberativo, com competências exclusivas, como destituir titulares de outros órgãos, aprovar o balanço e alterar estatutos, com lugar para todas as sociedades desportivas que participem nas competições profissionais.
O Conselho de Presidentes terá uma natureza deliberativa e estratégica, onde o presidente da Liga e todos os líderes dos clubes (não se podendo fazer representar) têm direito de voto, reunindo de três em três meses
O Conselho de Presidentes terá uma natureza deliberativa e estratégica, onde o presidente da Liga e todos os líderes dos clubes (não se podendo fazer representar) têm direito de voto, reunindo de três em três meses. No plano apresentado por Proença, admite a integração de um conselho de supervisão composto por dois clubes da I e um da II. Na sua esfera de competência fica a definição da "orientação estratégica, as linhas gerais de exploração comercial das competições e outros assuntos submetidos pelo presidente da Liga", conforme documento ontem analisado na AG.
A Presidência, como referido, ganha estatuto executivo unipessoal, sendo da sua competência a representatividade no mundo do "futebol nacional e internacional, diante da administração pública e outras entidades públicas e privadas". É a Presidência que nomeará a Direção Executiva e "negoceia e outorga contratos de qualquer natureza". Executivo que, além dos nomeados, contará com um membro em representação da FPF.