Jejum de quase dois anos sem marcar quebrado com estilo e com um remate tão forte como raro. Em Espanha chamaram-lhe "o vólei do ano" e Casillas encontrou outras coisas para lhe chamar...
Corpo do artigo
O 13.º golo de Óliver como profissional justifica, enfim, o nome que o irmão mais velho escolheu quando, a 10 de novembro de 1994, o portista nasceu. Fã de futebol e de uns desenhos animados japoneses famosos na altura, o irmão de Óliver Torres convenceu os pais a colocarem-lhe o mesmo nome da personagem animada que era herói nos relvados e marcava golos de todas as formas e feitios, especialmente em remates muito fortes e fora da área. O apelido pelo qual a mesma personagem era conhecida (Tsubasa) era impossível de registar, mas o irmão do espanhol sonhou que um dia este lhe viesse a dar razão. Sexta-feira foi o dia. E a espera foi longa...
O 13.º golo de Óliver foi o terceiro que o espanhol marcou fora da área. O primeiro, contra o Belenenses, em 2014/15, foi um remate rasteiro e colocado e praticamente em cima da linha de grande área. O segundo, em 2016/17, contra o V. Guimarães, beneficiou de um desvio na cabeça de Otávio. O de ontem é puro: uma bomba colocadíssima, de primeira e bastante longe da baliza, a lembrar o Tsubasa original e os motivos que levaram Óliver a ser... Óliver.
Ao 13.º da carreira honrou o nome que o irmão lhe escolheu. A dificuldade para marcar sempre o desapontou e chegou a ser uma obsessão
O grande golo em Tondela acaba por chegar também como uma boa compensação para os dois anos que levou sem marcar. Aliás, a dificuldade sentida nesse capítulo há muito que virara uma obsessão. Em 2014/15, o espanhol reconheceu publicamente que tinha de melhorar as estatísticas. Mal sabia que os sete tentos dessa época eram recorde para durar. Em 2015/16, no regresso ao Atlético de Madrid, marcou apenas uma vez. De volta ao FC Porto, fez mais três em 2016/17. No início de 2017/18, Conceição chamou-o e pediu-lhe mais golos, exigiu-lhe que se chegasse à frente e treinasse muito o capítulo do remate. Por falta de oportunidades, de jeito para esse efeito ou até por infelicidade, a verdade é que nunca mais o tinha conseguido fazer. E esse foi um problema que o jogador nunca soube resolver e se tornou, em determinado momento, uma obsessão e um foco de grande desilusão e preocupação. Fonte próxima do jogador contou a O JOGO que Óliver chegou a desesperar com a falta de acerto e demorou a conseguir desligar-se do trauma. A cada jogo que passava, a cada golo que falhava, o desespero aumentava e mais difícil para o jogador se tornava lidar com a desilusão, apesar do apoio de todos, que sempre procuraram explicar-lhe que mais cedo ou mais tarde acabaria por marcar. A época 2017/18 foi particularmente complicada. O médio pouco jogou e acreditou, em determinado momento, que com golos seria mais fácil voltar à equipa. A espiral negativa terminou com a aposta que Conceição fez este ano, mas os golos só apareceram agora. "Esta parte da minha vida, este pequeno momento da minha vida chamo de felicidade", vincou o jogador. O processo foi tão duro que vários jogadores o saudaram com alegria nas redes sociais, já depois do banho humano em Tondela. A brincadeira de Casillas (ver fotografia) diz quase tudo...