Daniel Carriço vê várias frentes de guerra abertas no emblema de Alvalade e assume ainda sentir vergonha pelo ataque que sucedeu na Academia, em Alcochete
Corpo do artigo
O defesa lembra que saiu do Sporting porque não houve acordo para renovar. Espera que no futuro o clube volte e disputar títulos.
Sente que podia ter dado mais ao Sporting?
-Acho que as coisas poderiam ter acontecido de outra forma. Mas estou contente com a minha carreira. Não sei se alguma vez voltarei ao Sporting, mas gostaria de ter conseguido dar mais alegrias aos adeptos e ter conquistado mais títulos.
A saída foi iniciativa sua ou partiu do Sporting?
-Houve um processo de negociação para a minha renovação que não correu bem, não chegámos a um acordo. Na altura era capitão de equipa e o contrato terminava em junho e, tal como agora no Sevilha, acabei por sair em janeiro, tendo o Sporting recebido algum dinheiro pela minha transferência para a Premier League.
Como vive à distância o Sporting e tudo o que se tem passado nos últimos anos?
-A realidade é que estes anos não têm sido fáceis. O clube perdeu praticamente todos os seus principais ativos. Não é fácil um clube levantar-se e recuperar-se disso. Tem estado a tentar, mas penso que não está no caminho certo. O Sporting tem de estar unido, mas não é isso que vejo de fora. Parece-me que existem várias frentes de guerra. Espero que no futuro tudo se resolva pelo melhor. E que todos apoiem a equipa incondicionalmente para que esta possa voltar a estar na luta pelos títulos.
11931993
O que lhe passou pela cabeça quando soube da invasão da Academia em Alcochete?
-Nem estava a acreditar no que via. Nos clubes grandes, às vezes, os adeptos apertam e pressionam um pouco mais os jogadores, mas aquilo parecia-me impossível. Fiquei bastante triste pelo clube, por ter amigos no balneário. Ver isto acontecer num clube do coração, ao Sporting, ver que foi notícia em todo o mundo, foi uma vergonha para todos os sportinguistas.
E o que lhe parece o facto de a equipa ter estreado na semana passada o quarto treinador da temporada, no caso Rúben Amorim?
-É um sinal do que tinha dito antes. O Sporting precisa de estabilidade e tempo. Quatro treinadores não é sinal de que o clube vai num bom caminho. Rúben Amorim fez um bom trabalho no Braga. Embora em pouco tempo, mostrou qualidade, é um treinador jovem. Espero que no Sporting ajude também a melhorar as coisas, em particular na próxima época.
"Gostaria de ter tido outro percurso na Seleção"
Sente-se de alguma forma injustiçado na Seleção, onde apenas cumpriu uma internacionalização A?
-Não sei se fui injustiçado, mas penso que houve momentos em que poderia ter sido chamado. É uma decisão dos selecionadores. Gostava de ter tido outro percurso na Seleção. Agora sei que indo para a China, ficando mais longe de Portugal e numa liga menos competitiva, ficará mais difícil regressar. Mas não me arrependo de nada, dei sempre o meu melhor. Não dependia de mim jogar mais vezes na Seleção, é uma decisão que respeito.