Números mostram que o ex-Zenit é mais forte ao nível da solidez defensiva e da primeira fase de construção, enquanto a cria da Academia marca pontos pelo atrevimento ofensivo e velocidade
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Os derradeiros jogos da presente temporada, cuja disputa ainda está dependente da resposta à pandemia do Covid-19, prometem ser palco de uma luta muito particular no plantel às ordens de Rúben Amorim. Numa altura em que já se trabalha para definir quem tem, ou não, condições para transitar rumo ao projeto com vista a 2020/2021, Luís Neto e Tiago Ilori disputam uma vaga numa defesa que se adivinha profundamente remodelada.
Um dos lusos será o sobrevivente de uma defesa que pode perder Coates (negociável) e Mathieu (fim de carreira)
Tal como O JOGO oportunamente escreveu, Coates é um dos ativos que a SAD pretende negociar no defeso, enquanto Mathieu tem em aberto a possibilidade de encerrar a carreira no final desta época. No mercado à procura de alternativas que possam ir de encontro ao binómio custo/qualidade e com jovens a despontar na Academia (ver caixa), os dois centrais portugueses sabem que só haverá espaço para um deles.
Contratado a custo zero no último defeso após o término do seu vínculo com o Zenit, Neto soma 20 partidas disputadas em 2019/2020 contra as 13 de Ilori e tem feito valer a sua experiência e estatuto de internacional português para se consolidar como o terceiro central, logo atrás dos indiscutíveis Coates e Mathieu. Contudo, a maior capacidade de adaptação ao central formado na Academia ao 3x4x3 que Rúben Amorim pretende implementar no Sporting promete valer preciosos pontos junto do novo treinador.
Utilizado algumas vezes por Marcel Keizer na posição de lateral-direito, Ilori soma mais sprints com bola controlada que Neto (2,09 por jogo contra 0,67) e também se superioriza ao colega de setor na taxa de sucesso nos cruzamentos e nos duelos ganhos, contando os que são disputados junto ao solo. A tudo isto ainda se junta uma menor recorrência ao jogo faltoso: 0,72 infrações por encontro contra as 1,18 do camisola 14.
No entanto, à maior velocidade e capacidade ofensiva de Ilori, o internacional português, de 31 anos, "responde" com números superiores nos capítulo da segurança defensiva e da primeira fase de construção. Nas contas da presente temporada, Neto bate o concorrente na percentagem de acerto de passes curtos e longos, bem como regista um maior número de endossos de bola para a frente. O ex-Zenit também se superioriza nas interceções e regista números interessantes nas recuperações de bola no meio-campo adversário, mostrando estar à vontade num esquema que privilegia a pressão alta.
O critério de golos e assistências também não ajuda a missão de Rúben Amorim, pois, até ao momento, nenhum dos dois jogadores teve participação no registo ofensivo do Sporting, seja em golos ou assistências.