Sem público nos seis jogos que tem para disputar em casa, algarvios perdem alguma vantagem. Paulo Sérgio recorda que os adversários do Portimonense tiveram a vantagem de jogar com adeptos nas bancadas
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Em virtude do inevitável confronto físico, Paulo Sérgio argumenta que é impossível alguém pensar em cumprir a distância social ou se lembrar da covid-19 quando os jogos voltarem aos estádios. Paulo Sérgio é crítico sobre o regresso da I liga...
Defendia outra solução para o regresso do campeonato?
Gostaria que houvesse condições para o fazer agora, mas os números não o mostram. Oxalá daqui a mais algumas semanas os números digam o contrário. Espero que corra bem, mas é um risco e uma irresponsabilidade.
"Quando os adversários se deslocarem a Portimão, não temos os nossos adeptos no estádio"
E os jogos à porta fechada? Das dez jornadas por disputar, o Portimonense tem seis em casa...
Não tem piada nenhuma ser à porta fechada. O público é o sal do futebol. Não me agrada, mas do mal o menos, se isso se justificar para terminar o campeonato. Se houvesse condições, porém, também a II Liga e o Campeonato de Portugal teriam os seus jogos. É uma incoerência. Dos nossos jogos em casa, é uma vantagem que se perde e que os adversários já tiveram. Quando se deslocarem a Portimão, não temos os nossos adeptos no estádio.
"Hoje, nos treinos, já sinto isso: quando dás por ti, estás próximo do teu jogador e este está próximo do colega"
Os clubes têm condições para respeitar as medidas de segurança?
Toda a gente vai dar o máximo e querer que as coisas corram na perfeição, seja no melhor estádio do país ou no que tiver menos condições e espaços mais reduzidos. Mas quando os jogos começarem - o futebol é emoção, é paixão - é impossível, em confronto físico, estar a pensar em distância social ou em covid. Vamos esquecer. Num balneário grande ou pequeno há coisas sem controlo, e hoje, nos treinos, já sinto isso: quando dás por ti, estás próximo do teu jogador e este está próximo do colega. Quando duas equipas jogarem estarão 300 pessoas no recinto, mesmo sem público. Os dois grupos mais os dirigentes e staff de apoio, elementos da liga, árbitros, VAR, apanha bolas, operadores de televisão e jornalistas.
E então?
-Só com estádios de raiz e novos planos de emergência. Não nos vamos iludir. Embora os clubes precisem de dinheiro e das receitas das operadoras, não somos cobaias em nome da economia e da recuperação. Imagine uma família, que tem uma empresa e fatura imenso, faz tudo bem feito, e, de repente, perde um filho. O que eu não quero é perder um filho ou alguém ligado à nossa atividade. Não me parece que este timing seja o correto, mas, repito, nós também queremos jogar e conquistar a permanência dentro do relvado. Esse é o nosso desejo.