Apesar de ter dois compatriotas - Riquelme e Gago - como referência, nos juniores chamavam-lhe Ronaldinho pelo estilo de jogo e pelo visual
Corpo do artigo
O Sporting está em conversações com o Vélez Sarsfield para a transferência de Lucas Robertone, médio polivalente de 22 anos que se destacou na última temporada sob o comando de Gabriel Heinze, técnico que passou por Alvalade como jogador antes de dar o salto para emblemas como Paris SG, Real Madrid e Manchester United.
Médio do Vélez está a ser negociado e um seu colega de equipa, Joaquín Laso, revela a O JOGO que estamos perante um jogador diferente e "preparado para dar o salto"
O JOGO conta-lhe aqui um pouco da história do jovem argentino que é desejado em Alvalade para colmatar a mais que previsível saída de Bruno Fernandes (recorde-se que outros nomes, como Malinovskyi e Dani Olmo, de Genk e Dínamo Zagreb, também foram considerados), e como desde muito novo se interessava em estudar os seus ídolos.
Com os antigos internacionais argentinos Riquelme e Fernando Gago como referências, Robertone gostava de observar os movimentos e tomadas de decisão de ambos para depois os imitar com os amigos da formação do Vélez. Nessa altura, a proximidade com Gago foi decisiva. O médio passou pelo Vélez em 2013, numa altura em que Robertone era apanha-bolas no Estádio Amalfitani.
Entre as corridas para apanhar a bola atrás dos placares de publicidade, o alvo para o miolo leonino estudava tudo o que Gago fazia em campo, acabando por se tornar num médio completo como ele, capaz de fazer marcação defensiva mas também de sair a jogar e de aparecer em terrenos mais adiantados e finalizar. Polivalente, Robertone joga a 8, a 10, a falso 9 e como médio-interior a cair nos flancos.
"Os passes a rasgar, a intensidade e a chegada à área rival são as virtudes de Robertone. É solidário na recuperação da posse de bola, tem também compromisso defensivo"
Curiosamente, enquanto via com atenção o que Gago fazia em campo, na formação do Vélez chamavam-lhe Ronaldinho, pois além de jogar nessa altura na posição 10 e de marcar os livres, tinha cabelo comprido e encaracolado como o astro brasileiro.
Para apresentar Robertone aos nossos leitores, convidámos Joaquín Laso, defesa que atuou ao seu lado nos últimos dois anos, no Vélez: "O Lucas é um jogador daqueles distintos, que vê uma linha de passe que mais ninguém vê. Tem a capacidade de ganhar tempo nos domínios de bola, sempre bem orientado. Os passes a rasgar, a intensidade e a chegada à área são as suas virtudes.
11016676
E no final dos treinos fica sempre a treinar bolas paradas. Está preparado para dar o salto para o futebol europeu. E pode dar-se bem, porque além do talento, é forte fisicamente e, sem ser muito alto, é bom cabeceador. É solidário na recuperação da posse de bola, tem compromisso defensivo."
Joaquín Laso, a O JOGO, destacou ainda a "versatilidade" de Robertone. "Adapta-se ao que pede o treinador, tem boa técnica para organizar e guiar a equipa, mas pode movimentar-se também pelos flancos", completou.
Fazia quase 500 km de dois em dois meses, ao longo de dois anos, para ir fazer testes a Buenos Aires
Descoberto aos 12 anos com Vargas
e "amador do ano" sob ordens de Heinze
Numa entrevista de 2018 ao diário argentino "Clarín", Lucas Robertone revelou como chegou ao Vélez, após ter sido observado aos 12 anos.
"Nasci em Concordia, Entre Ríos, e comecei a jogar aos sete ou oito anos no Club Salto Grande. Aos 12 fomos jogar um torneio a Máximo Paz, na província de Santa Fé, e estavam lá pessoas do Vélez. O olheiro Sebastián Pait convidou-me a ir lá treinar e durante dois anos viajava até Buenos Aires a cada dois ou três meses para fazer testes. Ia com o Monito Vargas [n.d.r.: jogador do Vélez que interessa ao FC Porto]", contou, revelando sacrifícios como ter de fazer regularmente 500 km para ser observado e, mais tarde, o afastamento da família: "Depois vivi na pensão do Vélez e estudei na escola Tomás Espora, que está perto. Conheço mais o Vélez que a minha casa."
11015160
Lançado por Christian Bassedas em 2016/17, foi na última época, com o ex-sportinguista Gabriel Heinze ao leme, que Robertone se destacou. Em 2016 foi mesmo eleito o "melhor jogador amador do ano", quando subiu quatro escalões dentro do Vélez para se estrear. Desapareceu momentaneamente até aparecer Heinze, que o ensina e também aconselha fora de campo, como aconteceu após o episódio em que foi apanhado a ver um jogo do Boca Juniors, uma paixão de criança que se tornou evidente com os festejos exuberantes quando marcou um golo ao River Plate.
"Não quero jogar noutro clube da Argentina. Quero é continuar a crescer e depois jogar numa liga competitiva na Europa"
Objetivo Europa e até joga com o Manchester City
Em entrevista recente ao programa "Ataque Futbolero", da Rádio Club Octubre 947 FM, Robertone revelou alguns dos seus gostos pessoais e frisou o sonho de jogar na Europa, em particular no Manchester City, equipa com a qual costuma jogar na PlayStation.
"Não sou de ler, sou mais de ouvir música, ver algumas séries ou ir ao cinema e jogar PlayStation. Gosto de jogar com o Manchester City. Jogar lá? Estou longe... Não quero jogar noutro clube da Argentina, quero é continuar a crescer e jogar na Europa numa liga competitiva", disse Robertone, que não se mostrou incomodado pela ausência dos convocados para a seleção argentina: "Via-me perto da seleção, ou achava que não estava tão longe, mas estou tranquilo."
O colega de equipa Joaquín Laso, a O JOGO, defende que Robertone "está preparado" para a Europa.