João Henriques é visto por quem o conhece bem como um treinador ponderado, muito próximo dos jogadores, ambicioso e exigente, mas não lhe pisem os calos...
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A poucos dias da estreia como treinador do V. Guimarães, João Henriques desperta a curiosidade de quem o conhece menos bem. Por isso mesmo, O JOGO lançou o repto a Bruno China e a Ricardo, antigos capitães do Leixões e do Paços de Ferreira, respetivamente, e os dois traçaram o perfil do treinador natural de Tomar.
"Foi sempre muito honesto com o grupo e com os jogadores, com quem tinha uma relação próxima"
Bruno China recorda a estreia do técnico no Leixões, em 2017/18, para render Kenedy. "Vimos logo que era alguém muito organizado e metódico. É um estratega que consegue perceber as limitações da sua equipa e explora os pontos menos bons dos adversários, mas também prepara a própria equipa para os pontos mais fortes do adversário. Conseguiu pôr o grupo todo a puxar para o mesmo lado. Tinha um discurso fluído e muito claro", recorda o antigo médio.
Nessa mesma época, João Henriques trocou o Leixões pelo Paços. Ricardo recorda esses tempos. "Foi um ano difícil, porque as coisas não correram como era esperado, mas ele foi uma surpresa agradável. É um treinador metódico, organizado, extremamente exigente e ambicioso. Com ele os treinos são quase todos com bola. São treinos intensos e muito interessantes. Tínhamos vontade de ir para o treino", admite o antigo central, lembrando que, nessa época, a equipa tentava fugir aos últimos lugares.
"O contexto no Paços não era o mais fácil para implementar determinado tipo de ideias, porque vivíamos claramente à procura do ponto, mas dava para ver que era um treinador com um futebol positivo, que gosta que a equipa tenha bola, que se superiorize ao adversário."
As dificuldades nunca alteraram o comportamento do treinador, garante Ricardo. "É uma pessoa muito ponderada e equilibrada. Em Paços nunca tivemos uma situação que espoletasse nele um tipo de reação diferente por falta de respeito ou algo no género, mas a ideia que fiquei é que, apesar de ser ponderado, não lhe pisem os calcanhares. Se tal acontecer, vão conhecer uma faceta diferente daquela que conhecem, porque é extremamente exigente e sério no trabalho. Quem lhe faltar ao respeito vai conhecer um João Henriques diferente", avisa o antigo central.
"São treinos intensos e muito interessantes. Tínhamos vontade de ir para o treino"
Bruno China também garante que nunca viu João Henriques exaltado ao ponto de "chutar o balde". "A imagem que tenho dele é de uma pessoa bastante tranquila, que passa essa tranquilidade para os jogadores, além de ser ponderado em tudo o que faz e em tudo o que diz. Mede muito bem as suas palavras e os seus atos", reforça.
Bruno China fala ainda de um treinador próximo dos jogadores. "Foi sempre muito honesto com o grupo e com os jogadores, com quem tinha uma relação próxima. Tinha sempre a preocupação de saber se estava tudo bem a nível pessoal e profissional. Quando tinha de brincar, brincava, mas quando era para trabalhar a sério, trabalhávamos", destaca o antigo médio. Ricardo concorda. "Tinha um bom relacionamento com os jogadores, sempre com muita sinceridade e frontalidade. Estava sempre interessado em perceber se estava tudo bem com o jogador", garante.
"Não é treinador para grandes coças físicas"
Bruno China garante que João Henriques não é de grandes tareias físicas. "Os treinos eram sempre só com bola, destinando apenas um treino para a parte física, normalmente à quarta-feira à tarde. Nessa altura era só ginásio. Não é um treinador para grandes coças físicas", admite o antigo médio.
Ricardo concorda. "Não havia muito trabalho físico analítico. Tem um belíssimo treinador assistente, o professor José Alberto, e quase tudo o que fazíamos da parte física era integrado, não era nada isolado do treino", recorda.
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