"O nosso objetivo é sermos protagonistas, em qualquer campo e contra qualquer adversário"
Juan Cruz entrou na Sanjoanense no final de janeiro e vai numa sequência de 15 jogos sem derrotas no campeonato. Face aos bons resultados, o treinador argentino, 49 anos, assumiu que recebeu propostas no verão, mas optou por manter-se no clube, por sentir que o seu trabalho ainda não estava terminado
Corpo do artigo
Leia também Quenda e Mora nos mais valiosos que ainda não se estrearam pela seleção
Juan Cruz chegou a Portugal após experiências no futebol argentino, equatoriano e colombiano. Chegou como um desconhecido para a maioria dos adeptos, mas salvou a Sanjoanense da descida, ainda na época anterior, conseguindo uma recuperação fantástica, na qual poucos acreditariam. Esta temporada prolongou a sequência de invencibilidade no campeonato, que já vai em 15 jogos, e há margem para sonhar com algo mais.
A Sanjoanense já não perde há 15 jogos para o campeonato. O que mudou desde que assumiu a equipa?
-Considero que é muito difícil ficar tantos jogos sem perder no futebol profissional, mas temos consciência de que essa invencibilidade não vai durar para sempre. Temos muito claro o que queremos para a nossa equipa, independentemente do resultado. O nosso objetivo é sermos sempre protagonistas, em qualquer campo e contra qualquer adversário.
Quando entrou, havia um sério risco de descida ao Campeonato de Portugal e depois terminaram em segundo a fase de manutenção. Esperava que corresse tão bem?
-Quando se entra numa equipa com a época em andamento é porque, quase sempre, as coisas não estavam bem, mas sentia que a equipa tinha potencial para jogar melhor e conseguir melhores resultados. Felizmente, não estava errado, e os jogadores fizeram uma ponta final de temporada muito boa.
Em que aspetos incidiu mais o seu trabalho?
-Trabalhámos muito a intensidade de jogo, melhorando o rendimento físico. E não bastava só ter posse de bola, tínhamos de ser agressivos com ela. Além dos aspetos físicos e técnicos, a parte psicológica também foi trabalhada. Juntámos ainda a parte nutricional, que não estava a ser tida tão em conta.
Depois desse sucesso imediato, teve propostas para abraçar outros projetos no verão?
-Felizmente, muita gente apreciou o trabalho que realizei e chegaram algumas propostas. Contudo, achei que a minha etapa na Sanjoanense não devia terminar ali e optei por continuar com este projeto. Agradeço a todos os que confiaram em mim. Quero agradecer aos adeptos da Sanjoanense pelo modo como me receberam e a todos os profissionais do clube e rivais, porque sempre me trataram com respeito.
Nunca tinha trabalhado em Portugal. O que o levou a aceitar este desafio?
-Estava a viver em Espanha há quatro anos, e embora em 2024 tivesse estado no Equador, a minha carreira como treinador estava virada para a Europa. Quando surgiu a possibilidade de ser treinador da Sanjoanense, não hesitei. Também tinha possibilidades de trabalhar em Espanha, mas este foi o projeto mais sério que surgiu.
O que conhecia do futebol português? Surpreendeu-se com alguma coisa?
-Por ter vivido em Espanha, fui-me familiarizando com o futebol europeu. Todos sabemos da qualidade dos jogadores e das equipas portuguesas. Por isso, não foi difícil decidir vir para aqui.
Que diferenças sentiu em relação ao futebol sul-americano?
-A diferença entre o futebol sul-americano e o português é que o jogador português é mais técnico, tem boa qualidade de passe e receção. Na América do Sul são mais agressivos e há mais duelos de um contra um.
Esta época, apesar de a equipa estar invicta na Liga 3, têm somado muitos empates. O que está a faltar para terem mais vitórias?
-Em relação aos empates consecutivos, a Liga 3 é muito difícil, porque as equipas são muito equilibradas. Dois desses empates foram sofridos na compensação. Acho que estamos a fazer as coisas corretamente, sempre a tentar corrigir os erros para procurarmos os três pontos, que é o que toda a gente quer. Sabemos que esta é uma competição longa e ninguém quer perder a vantagem.
A equipa tem condições para chegar à II Liga ou esse é um objetivo difícil de concretizar?
-O nosso objetivo é estar entre os quatro primeiros para podermos disputar a subida e a partir daí podemos sonhar. Mas ainda falta muito tempo para chegar a essa fase e temos de ser muito competitivos até lá.
Como definiria a sua filosofia como treinador?
-Defino-me como uma pessoa que trabalha a 100 por cento diariamente. Gosto que a minha equipa contagie o público e que os adeptos se identifiquem com uma equipa que quer ser sempre protagonista. Procuro ser um líder honesto e respeitador em relação a todos os que trabalham comigo, sempre com a intenção de melhorar a cada dia, como treinador e pessoa.