O livro, Fernando Madureira, dois presidentes, as contas em 1982, a fé e o cancro. Tudo o que disse Pinto da Costa
Pinto da Costa apresenta na Alfândega do Porto o livro "Azul até ao fim"
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“A única coisa que qualquer pessoa consegue fazer sozinho é asneiras. Quem quiser construir algo de importante para os outros tem de estar bem acompanhado. Só foi possível ultrapassar as dificuldades com a colaboração e a união de uma grande equipa que tive o prazer e a honra que tiver de dirigir. Há nomes que infelizmente já não estou connosco. Houve nomes muito importantes, como Pôncio Monteiro, Armando Pimentel, Reinaldo Teles. Foram pessoas que me ajudaram a ultrapassar as dificuldades. Houve também pessoas que infelizmente não podem estar aqui mas foram importantes para o FC Porto e para as suas vitórias e refiro-me ao Fernando Madureira”
Pinto da Costa: "Esta é a razão deste livro. Não queria incomodar com a minha doença dois dos meus irmãos que infelizmente já faleceram. Fui escrevendo sobre o que sentia no dia a dia. Não um diário, que não escrevia todos os dias, mas quando havia algo de anormal, que sentia necessidade de transmitir para mim e para os que fossem ler... Na página 54 está escrito que o livro não era para editar. Sei que está a ter uma boa aceitação, já tem uma segunda edição"
“Neste momento temos dois presidentes. Honorário que sou eu e há outro que foi eleito e temos que respeitar"
Termina a apresentação do livro. Adeptos tiram fotografia com o livro para registar o momento. Canta-se o hino do FC Porto
"Há uma coisa que tenho a certeza. Até ao fim vou ser fiel aos meus princípios e até ao fim vou ser sempre azul e branco”
“Quero agradecer a todos os que privaram comigo. Ao meu amigo António Henriques que veio da Madeira de propósito para estar comigo. E um casal que chegou da Suíça de manhã para estar aqui e que vai embora ao fim do dia. É um sinal de consideração e de estima que eu registei com muita emoção”
“O que sempre desejei é a felicidade dos outros, sobretudo dos mais desfavorecidos. O que pretendo no dia que partir é ser recordado como uma pessoa que vos amou a todos muito”
“Temos de compreender as pessoas. Há pessoas que ocupam cargos importantes que têm palco nas televisões que se não falarem mal de mim, não têm lugar porque não sabem falar de mais nada”
“Dando esse desconto, esqueço tudo isso”
Sérgio Conceição não marcou presença na apresentação do livro Azul Até ao Fim, de Jorge Nuno Pinto da Costa, realizada este domingo na Alfândega do Porto.
Apresentação interrompida. Adeptos levantam se para aplaudir Pinto da Costa e cantar
“Toda a gente que tem a felicidade de ter casa e de viver muito bem se deve sentir constrangido e ver pessoas a dormir na rua. Não é só a mim que toca, é a toda a gente. E talvez por ter tido uma ligação mais direta com uma associação que ajuda os sem abrigo, toca-me. O voto que faço é que todos os candidatos nas próximas eleições na câmara do Porto tenham isso em conta”
Regionalização: “cada um tem as suas ideias. Na constituição esta que devemos fazer isso. Todos os que ocupam os cargos políticos juram comprar a constituição mas depois metem a regionalização num cesto de papéis”
"Tomámos posse em 1982 e quando foi para ver as contas não tínhamos oito mil euros. Tínhamos zero. Eduardo Poças disse 'estamos falidos'. Quando fui negociar essas livranças, todos nos deram créditos porque não fomos para a praça pública fazer choradinhos"
"O que puseram no ar era que nós éramos de um grupo perigoso de comunistas, muito inteligentes, que assaltámos o clube para entregar ao PC, que não eu"
"Um dia senti-me mal no avião. O Reinaldo, que Deus o tenha, no dia seguinte arranjou um cardiologista que hoje é um amigo meu. Disse que tinha um problema na aorta e que estava a pensar em ser operado. Mas havia jogos europeus e íamos ali e acolá e ao fim de dois anos não fiz a operação. O médico disse que andava a brincar com o fogo e ele disse-me que era melhor falar com o meu irmão. Fui e disse lhe 'um amigo meu diz que tem de ser operado ao coração" e mostrei os exames. E o meu irmão disse 'ele não precisa de ser operado, precisa de ser autopsiado"
"Não sou nada, mas a diferença é que tive muitos sonhos para mim e para o FC Porto"
"Para quem têm fé, ela é fundamental. Dá-nos força e a aceitar melhor as coisas, acreditando que dias melhores virão. Desde criança fui criado assim, sou católico praticante. Ser católico não praticante é um ciclista que não tem bicicleta"
"Quando comecei a escrever, escrevia o que sentia. Quem perdeu um grande amigo ou irmão sabe como é que se sente. Depois de saber que tinha este problema, num mês perdi dois irmãos"
"A maior alegria que tive durante todos estes anos foram as visitas aos Aliados e ver 100 mil pessoas felizes, muitos dos quais não tinham qualquer razão para se sentirem felizes mas eram porque era do FC Porto e eram felizes. Essa era a maior felicidade que tinha durante qualquer época"
"Escrevo sempre à mão, que com os pés não consigo. E foi um sucesso"; "Agora que não tenho muito que fazer, ainda vou escrever outro", diz Pinto da Costa, bem humorado.
Mais frases de Pinto da Costa: "Todos nós vamos ter um funeral. Uma coisa que me irrita nos funerais, é que há pessoas que cá fora conta-se anedotas e falam de tudo menos do que a pessoa que faleceu. Não queria que acontecesse no meu, por respeito aos meus amigos e família, que estarão a sofrer. Sei que a presença das pessoas que não quero lá iam incomodar as pessoas que conhecem a minha vida. Não quero ver lá ninguém de luto ou de preto em sinal de tristeza. Quero ver toda a gente vestida de azul. Por três razões: azul é cor do céu, do manto da Nossa Senhora e do FC Porto"
"Tem momentos de felicidade que vivi, momentos desagradáveis. Sei que a capa do livro chocou algumas pessoas. A escolha foi minha. Achei natural. Porque têm de compreender que depois de ter sabido da minha doença, já morreu muita gente, alguns deles meus amigos que estavam de muito boa saúde. Para morrer basta estar vivo, não é preciso mais nada. Devemos encarar a morte não como uma desgraça mas com naturalidade. Entendi que a melhor forma de mostrar nisso era pôr na capa um caixão.
"Quero que o meu corpo seja cremado e que as minhas cinzas sejam espalhadas na azinheira da capela de Nossa Senhora de Fátima""
"Acho que as pessoas que gostam de mim vão ler o livro. Encarei o diagnóstico com realidade, não tenho que me queixar. Tinha 84 anos e hoje estou com 86. Espero fazer os 87. Só tenho de agradecer a Deus a vida que me deu, que me permitiu fazer o que quis e gostava de fazer. Ter os amigos que queria e saber ignorar e esquecer os inimigos. Só peço a Deus que todos vós durem pelo menos até aos 86, como eu. Seria bom para todos", acrescenta Pinto da Costa
Pinto das Costa explica a razão do livro: "Comecei a escrever não para ser um livro, escrevi para mim. Não queria que ninguém soubesse, como está escrito. Resolvi escrever para mim e senti que quem sofre um choque como sofri, que tinha um tumor maligno... é um choque. Quem passou sabe do que estou a falar, quem não passou espero que nunca passe. Então resolvi escrever para mim, era uma forma de desabafar"
"Queria agradecer a todos os que vieram. Quando me disseram que tinham alugado esta sala, disse que ia ser muito grande e depois vão explorar que estava pouca gente. Afinal, a sala está cheia. De amigos e de gente que gosta de mim", diz Pinto da Costa
Pinto da Costa começa a falar, mas é interrompido pelas pessoas na sala, que se levantam a aplaudir e a gritar pelo nome
O apresentador vai lendo o primeiro capítulo do livro "Azul até ao fim" e é notória a emoção sentida por Pinto da Costa
Fernando Gomes, administrador e vice-presidente da última direção de Pinto da Costa, presente
Não vai haver sessão de autógrafos em face do número de pessoas presentes na Alfândega do Porto
"É emocionante ver tanta gente, tantos amigos que não precisam de mim para nada, mas que me vêm transmitir aqui força e carinho. Muito gratificante" - Pinto da Costa, em declarações à SIC, à entrada da Alfândega
Valentim Loureiro, ex-presidente do Boavista e da Liga, além de amigo de longa data de Pinto da Costa, acaba de chega. Eduardo Vítor Rodrigues, edil de Gaia, está também presente
Vítor Baía, ex-administrador da SAD e ex-vice da Direção de Pinto da Costa também presente. Nuno Lobo, que também concorreu às eleições de 27 de abril de 2024, está igualmente na Alfândega
Pinto da Costa apresenta na Alfândega do Porto o livro "Azul até ao fim". A cerimónia está marcada para as 16h00
Cerca de 1200 pessoas lotam a sala onde decorrerá a apresentação oficial do livro
Luís Gonçalves, Fernando Póvoas e Sandra Madureira contam-se entre as presenças