Clube está nas meias-finais da Taça de Portugal e o presidente da Câmara faz uma curiosa comparação.
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Fernando Tinta Ferreira, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, reconhece a relevância, também para o Município, do facto de o clube ter atingido as meias-finais da Taça de Portugal. Numa curta entrevista a O JOGO, afirma que o Caldas se tornou numa espécie de Leicester, o emblema que surpreendeu tudo e todos ao vencer o título nacional inglês de 2015/16.
Uma presença na final da Taça de Portugal seria como se saísse a sorte grande ao clube e ao Município.
Sem dúvida. Seria um momento único, um marco histórico. Durante duas gerações não se falaria de outra coisa de um ponto de vista desportivo. A imagem das Caldas da Rainha percorreria todo o país e seria falada por toda a gente. No fundo, seria um pouco como o fenómeno Leicester. Aquela equipa improvável, que não se sabe como, conseguiu ultrapassar todas as dificuldades. O Caldas é um desses fenómenos. É aquela equipa improvável, que ninguém estava à espera que chegasse a este ponto. Está a ser o Leicester da Taça de Portugal deste ano.
De forma indireta, a "reboque" do futebol, é todo o Município que acaba por ser promovido, ou não?
Termos uma equipa nas meias-finais da Taça de Portugal contribui para uma imagem muito positiva do concelho, reconhecido pelas pessoas como um concelho dinâmico, pujante, também por força do Caldas. Quando saio daqui falam-me sempre muito do Caldas e dão-me os parabéns. Fez com que as pessoas olhem para terra de uma forma positiva e entusiasta. O futebol tem esta particularidade de entrar na vida das pessoas. Elas revêm-se e entusiasmam-se. Para se obterem estes benefícios indiretos de outra forma, que não o futebol, teria de se investir muito. É altamente vantajoso para o concelho, portanto.
Quais são as limitações legais em termos de apoio ao clube que tem a Câmara?
Nós não podemos apoiar o desporto profissional, como qualquer município. Só podemos apoiar desporto de formação e amador. O nosso contributo ao clube tem um destino, que são as camadas jovens e o desporto não profissional.
Mas como o futebol do clube é amador está à vontade para apoiar, é isso?
Sim, mas dentro daquilo que são os nossos orçamentos. Nós não pagamos as despesas do clube, o que fazemos é ajudar o clube, que tem de gerar as suas próprias receitas. Mas o Município dá um apoio bastante significativo. Para além de um contrato-programa no valor de 95 mil euros por ano, disponibiliza espaços na cidade para o Caldas explorar ao nível de publicidade comercial, por exemplo. Têm 18 painéis publicitários que exploram para obter receitas para o clube. Temos ainda comparticipações diretas para carrinhas, obras, etc, e disponibilizamos o campo municipal da Quinta da Boneca, que é praticamente utilizado em exclusivo pelo clube. Mas sem a comparticipação dos sócios ou das empresas, o clube não conseguia as receitas que faltam para a sua atividade.
Gostava de ver o Caldas nos escalões profissionais, que no caso seria a II Liga?
A aposta correta é na formação e no sentido de que os jovens consigam chegar à equipa sénior e a consigam ajudar. Faço notar que 16 dos jogadores do Caldas são da região. E grande parte desses 16 são formados no clube. E parece-me que esse é o caminho certo. O caminho de identificação da cidade, do concelho. Se a qualidade da formação proporcionar que, no futuro, o clube suba à II Liga, parabéns. Mas nunca se sabe o futuro. Logo se vê. E o Caldas já esteve na I Liga, nos Anos 50, durante quatro épocas. Creio que a melhor posição foi um décimo lugar.