Nesta altura do campeonato, atraso pontual como este tende a ser fatal para Jesus
Águias chegam a esta fase da Liga com os mesmos pontos da temporada passada (31), mas o melhor registo foi de 35, em 2012/13, que terminou com o FC Porto a fazer a festa em cima da meta
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O dérbi de sexta-feira no Estádio da Luz frente ao Sporting, com triunfo dos leões em toda a linha (1-3), deixou o Benfica para trás na corrida pelo título.
Um ponto foi esticado para quatro de desvantagem das águias para os líderes, FC Porto e leões, atraso que não é significativo nesta fase da temporada, dado ainda faltar muito campeonato, mas esta é uma diferença que Jorge Jesus, ao longo da sua extensa carreira, não tem conseguido transformar em festa.
Desde que chegou ao topo do futebol nacional, soma dez temporadas ao serviço de Benfica (8) - mais a atual - e Sporting (2), tendo contribuído para a conquista de três campeonatos pelos encarnados, além de muitos outros troféus nacionais. Porém, no mesmo período, sempre que as suas equipas estiveram com a desvantagem atual, ou superior, isso significou sempre insucesso na concretização do principal objetivo dos grandes nacionais.
Um dos três campeonatos foi alcançado com um atraso de dois pontos, em 2013/14, para o rival de Alvalade à mesma jornada, mas em outras três temporadas o atraso foi superior e nada de bom trouxe para as equipas orientadas pelo treinador de 67 anos, cujo futuro está em xeque na Luz, num mês que se iniciou com a queda já referida e com mais cinco obstáculos pela frente que podem influenciar a continuidade do treinador.
Recuando até 2010/11, um ano depois de ter devolvido o Benfica aos festejos no Marquês de Pombal após longo jejum (desde 2004/05, então com Giovanni Trapattoni ao leme), Jorge Jesus chegou à jornada 13 com um atraso de oito pontos para o FC Porto de André Villas-Boas e terminou a campanha a 21 de distância.
O trabalho na Luz transferiu-se para Alvalade, mas o cenário repetiu-se com intérpretes diferentes. O Sporting, nessa fase de Jesus, chegou a esta ronda, em 2016/17, a cinco pontos do Ferrari de Rui Vitória, que se sagrou campeão e festejou um inédito tetra, com os leões a assistirem a uma dúzia de pontos de atraso.
Após a passagem por Arábia Saudita (Al Hilal) e Brasil (Flamengo), deu-se o regresso à Luz, na temporada passada, e um papel químico registou o desempenho benfiquista, com quatro pontos de atraso para o emblema leonino, que festejou o título.
Jorge Jesus chega a esta altura do campeonato com 31 pontos, mas já amealhou mais e sem sucesso no final. O seu melhor registo é de 35 pontos, em 2012/13, à 13.ª ronda da prova que as águias lideraram até à penúltima jornada. A derrota em pleno Estádio do Dragão, aos 90"+2", ficou célebre porque Jorge Jesus ajoelhou-se, como fez esta época em Barcelona (por um golo falhado por Seferovic que daria uma vitória histórica), perdendo o título em cima da linha de meta.
Maior avanço e a mudança leonina
Nas quase onze épocas nos rivais de Lisboa, só por duas vezes Jorge Jesus esteve isolado na liderança do campeonato, com o Benfica, em 2014/15, e com o Sporting, em 2015/16. Na primeira, na jornada atual, os encarnados possuíam seis pontos de avanço sobre o FC Porto, que reduziu o prejuízo para três, não impedindo o bicampeonato benfiquista no final de uma época que terminou com o treinador campeão, em final de contrato, a transferir-se para o Sporting, enquanto o Benfica apostava em Rui Vitória. Na época seguinte, à 13ª ronda, Jesus liderava com sete pontos de vantagem sobre Vitória, que... deu a volta ao texto e sagrou-se campeão.