"Nenhum clube vai ficar a perder no processo de centralização, serão todos beneficiados"

Diretora-executiva coordenadora da Liga explica, em entrevista a O JOGO, que a centralização dos direitos televisivos está no topo das prioridades da Direção da Liga.

Quais são os grandes objetivos deste mandato?

-Nesta altura, é recentrar o posicionamento do adepto. Temos todas as campanhas viradas nesse sentido. Vamos continuar a tentar fazer a retoma dos adeptos nos estádios. Estamos a trabalhar com os clubes e temos de agradecer o empenho de todos nesta campanha que desenvolvemos com o Continente e que, seguramente, nos vai trazer muitas alegrias e aos nossos adeptos também, porque têm mais uma forma de ir ao futebol. Outro grande desafio é o processo da centralização. Temos a certeza que será um sucesso. Não há retorno neste caminho, estamos a cumprir o que o decreto nos impõe e, portanto, temos de trabalhar naquilo que é o regulamento audiovisual e do controlo económico. Queremos deixar de andar em contramão na autoestrada e voltar ao sentido em que todos os outros estão em termos internacionais.

O presidente do Benfica diz que pode não cumprir a lei se não for beneficiado...

-Ninguém vai ficar a perder no processo de centralização. É nesse sentido que estamos todos a trabalhar.

Os pequenos e médios clubes vão ser beneficiados com a centralização? Se os grandes não ficam a perder, mantém-se o fosso?

-Não. Serão todos beneficiados. O que queremos com a centralização é que diminua a diferença entre os grandes e os menos grandes. Pretendemos que ninguém fique a perder.

Citação citacao "Insistimos com as entidades governamentais para serem melhor trabalhados os custos com o IVA e o IRC"

O objetivo da internacionalização da nossa Liga sofreu um golpe com a interrupção das transmissões dos jogos, devido a mudanças nas operadoras de vários países europeus e sul-americanos. O que é que a Liga pode fazer para mudar?

-A centralização é um dos caminhos para evitarmos que estas situações aconteçam. Temos de esperar algum tempo, estamos a cumprir aquilo que o decreto de 2021 impôs em termos de espaços e que nos dá duas datas. Até 2025 temos de apresentar a proposta e esperamos antecipar a centralização em 2028. Os prazos vão ser cumpridos. A centralização vai acontecer, o caminho não tem retrocesso. Deixámos de ter as transmissões televisivas em determinados países, mas também perdemos muitas vezes os nossos talentos porque não conseguimos ser tão competitivos como as ligas que estão perto de nós. Isto tem influência e continuamos a insistir com as entidades governamentais no sentido de serem melhor trabalhados os custos, como o IVA e o IRC. Tem de haver um redimensionamento de tudo o que é a nossa indústria para não perdermos competitividade.

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O futebol profissional paga impostos a mais?

-Em relação às nossas congéneres, o futebol profissional paga impostos a mais, paga 214 milhões de euros. É um valor significativo. Estamos a ser prejudicados por quem aplica as regras. A indústria fica prejudicada porque, em termos comparativos, é completamente diferente o que um jogador profissional tem de descontar em Portugal em relação às nossas congéneres. Estamos em negociações com o Governo para redução do IVA e do IRS. Temos um caderno de encargos que estamos sempre a apresentar na expectativa que venham melhores dias e que se olhe de forma diferente para uma indústria, que mexe 0,3% no Produto Interno Bruto.

Há declarações de dirigentes que não indicam que os clubes estejam todos envolvidos...

-Publicamente, os clubes fazem o que entendem. O que posso garantir é que todos os clubes estão envolvidos no processo. Criámos uma empresa para gerir esta centralização, os clubes fazem parte e estão a trabalhar para que ninguém fique prejudicado.

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