ENTREVISTA, PARTE II - Apesar de registar mudanças positivas, Helena Pires, diretora-executiva coordenadora da Liga, considera que ainda se olha para o futebol como "um meio masculino"
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Helena Pires nunca sentiu "qualquer diferenciação de tratamento", mas admite que a entrada no mundo do futebol "é mais difícil para as mulheres". O mérito das mulheres "começa a ser reconhecido".
Neste pedaço da conversa, Helena Pires conta como chegou ao futebol e como é trabalhar com Proença.
Começou na Liga quando era presidida por Valentim Loureiro. Pedro Proença, com quem trabalha há oito anos, traçou um caminho a médio e longo prazo, o que não existia quando chegou
Como chegou ao futebol?
-Curiosamente, não tinha nenhuma ligação, não sabia o que era a Liga Portugal. Este convite para vir surgiu numa altura em que eu estava no Ministério dos Negócios Estrangeiros, tinha vontade de vir para o Norte, surgiu-me esta oportunidade e estaria confortável no lugar que vinha desempenhar. Estava num ponto de contacto internacional e, portanto, era a minha praia. Aceitei o desafio e vim à descoberta do futebol.
Não sabia o que era a Liga?
-Convivemos sempre de perto com o futebol, mas estava numa área que era completamente diferente e olhava para o futebol como qualquer cidadão, através das suas seleções. Não tinha grande empatia com clubes, porque cresci no interior, onde a minha ligação era mais para o lado espanhol. Não tinha grande afinidade ao mundo do futebol.
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O que mais a surpreendeu?
-Muitas coisas. O ambiente era completamente diferente daquele em que eu estava, surpreendeu-me a dinâmica que já na altura havia. Vim para um mundo novo, mas sou uma pessoa de desafios e consegui agarrar-me ao meio.
Começou com Valentim Loureiro e continua na Liga. Como é trabalhar com Pedro Proença?
-Requer muita metodologia, planeamento, organização e foco. Temos de estar focados nos objetivos da organização e garantir que os objetivos são cumpridos. É uma pessoa muito exigente e por isso é que estamos onde estamos.
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O que é que destacaria?
-O mais relevante foi traçar um caminho a médio e longo prazo, coisa que não existia quando cheguei à Liga. Temos um plano estratégico, sabemos o que vamos fazer neste mandato, como sabíamos nos dois anteriores, e o que mais destacaria seria a recuperação económico-financeira.
Já há uma mulher presidente de um clube da I Liga, outras como árbitros, e Helena Pires é a número dois da Liga. As mulheres começam a ter poder no futebol?
-O mérito das mulheres começa a ser reconhecido. A sorte dá muito trabalho, quem toma a decisão de seguir este caminho tem muitas decisões a tomar. Nunca pensei estar no lugar onde estou. Quero acreditar que cheguei aqui por mérito próprio e que o presidente Pedro Proença depositou em mim muitas expectativas e valorizou aquilo que também foi a minha carreira ao longo destes anos, mas não se chega aqui sem dedicação.
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É mais difícil para as mulheres estar no futebol?
-É mais difícil. Agora já não tanto, mas parece-me que ainda se olha para o futebol como um meio muito masculino. No entanto, nunca senti qualquer diferenciação de tratamento. Sempre fui tratada de igual forma.
Passa-lhe pela cabeça ser presidente da Liga?
-Neste momento pretendo exercer bem a função para a qual o presidente Pedro Proença me mandatou.