João Henriques, treinador do Vitória de Guimarães, fez a antevisão ao jogo frente ao Belenenses, agendado para as 21h00 de segunda-feira.
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Miniestágio em Rio Maior: "Optámos por este estágio para evitarmos o desgaste das viagens consecutivas para Lisboa. Jogámos sexta-feira na Luz e voltamos a jogar amanhã no Jamor. Só isso já implica um desgaste acrescido. Temos aproveitado esta concentração para criar laços no grupo. Apanhei o comboio em andamento. Só tive tempo para treinar e jogar".
Preocupa o relvado do Estádio Nacional do Jamor? "Integro a maioria dos treinadores que entende que para se fazerem bons espetáculos o palco tem de ser ótimo. E o relvado do Jamor não apresenta boas condições para qualquer equipa, incluindo o Belenenses. É mau para a integridade física dos jogadores, para a qualidade de jogo e não é benéfico para vender o produto da Liga Portugal. Para nos aproximarmos das melhores ligas, temos de defender o nosso produto, ter mais qualidade. E isso também passa por essa questão dos relvados. Quem não apresentar bons relvados, tem de ser excluído, sem olhar a quem. Só assim podemos evoluir. Eu fui muito crítico, por exemplo, em relação ao relvado do Santa Clara e a equipa mais prejudicada era a minha. O Jamor é mais um caso. As equipas que lá jogam sentem sempre muita dificuldade. Não é bom para ninguém, ninguém se sente ali confortável e o espetáculo sai prejudicado. O perigo de lesões é sempre maior e quem recebe um passe está sempre com receio de perder a bola. Os próprios guarda-redes não se sentem confortáveis. Ali há uma série de condicionalismos. As equipas que assentam o seu jogo num modelo de construção têm mais dificuldades e, por isso, tem de haver uma adaptação. Não foi por acaso que o Braga perdeu no Jamor e o FC Porto empatou. São equipas de construção. Outras mais pragmáticas venceram lá, como se verificou com o Paços de Ferreira".
Belenenses joga no erro do adversário e beneficia do relvado? "Praticam um futebol mais direto. Contra o Braga e o FC Porto, jogaram mais na transição, mas noutros jogos também desenvolveram a sua ideia de jogo pelo relvado, envolvendo mais o meio-campo. De qualquer modo, o relvado também os prejudica. E prejudica mais as equipas que sofrem primeiro o golo. Ir atrás do resultado é muito mais difícil ali. Nalguns sítios dá para jogar, noutros a bola ressalta mais. Numas partes escorrega-se mais, noutras um pouco menos. É sempre uma incerteza. Os jogadores mais leves e tecnicistas têm mais dificuldades".
Belenenses venceu na primeira volta em Guimarães: "Em casa conseguem melhores resultados. É uma equipa muito difícil de ultrapassar, bem organizada e que sofre poucos golos. Têm uma das melhores defesas do campeonato. Empataram e venceram com equipas que estão nos seis primeiros lugares. Por outro lado, estão naquela embrulhada de equipas que classificadas abaixo do sétimo lugar e, por isso, vende sempre muito cara cada derrota. Tem vários empates e algumas vitórias. É uma equipa muito competitiva, com individualidades capazes de resolver jogos.
A gestão dos extremos Quaresma, Rochinha, Edwards e Lameiras: "Levo em conta sempre o trabalho semanal e as características deles, em função dos adversários e da estratégia da equipa. Joga quem dá mais garantias para determinado jogo. Naturalmente que eles nunca querem sair da equipa, querem estar sempre presentes nos 90 minutos, mas isso é próprio da sua ambição. É uma azia natural. Mas coloco sempre as cartas em cima da mesa de uma forma muito frontal. Falo assim com todos os jogadores".
Suspensão de André André e o regresso antes do jogo com o Paços de Ferreira: "Não faço esse tipo de gestão, nem sabemos o que pode acontecer depois do jogo com o Rio Ave. Vou jogar com os melhores em cada partida. O André André está de fora, tem vindo a ser importante para a equipa, mas temos de arranjar uma solução, olhando para a frente. Semana a semana, perdemos jogadores, por lesão ou devido à covid-19. Nunca podemos estar muito seguros. Temos de ser pragmáticos. Pelo que tem feito, o André André é uma ausência de peso, mas jogará outro. O Trmal, por exemplo, jogou de forma extraordinária no lugar do Bruno Varela. Há competência no plantel e também há confiança".
O estado do relvado vai influenciar as escolhas? "É um dos aspetos que levamos em conta, assim como o adversário. O clima também é considerado, se chove muito ou não, se há gelo ou não, como já aconteceu nesta época. Tudo isso influencia sempre as minhas escolhas".
Expectativas para a segunda volta: "Temos nesta altura 30 pontos e a nossa intenção é fazer igual ou melhor. Teremos de continuar a ser consistentes, com qualidade, sabendo ultrapassar as adversidades e sabendo que mais lá para frente todos vão querer pontuar para atingir os seus objetivos. Vai ser cada vez mais difícil, mas queremos continuar a melhorar a nossa performance e classificação".