Mário Miranda, presidente do clube, afirma que no Oeste sonha-se com outros voos depois de garantida a subida à Liga SABSEG. Tirar a SAD das mãos de investidores asiáticos, em 2019, a troco de 350 mil euros pagos por "gente da terra", foi o primeiro passo para a missão da subida. Nuno Manta foi "aposta ganha" e é para "manter".
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Mário Miranda, 58 anos, presidente do clube há seis anos, assegura que o Torreense é um "emblema genuíno", que está nas mãos de "gente da terra" e que conseguiu voltar à Liga SABSEG 24 anos depois da última presença. O Estádio Manuel Marques precisará de algumas intervenções e a Liga faz já esta quarta-feira uma inspeção.
Já está refeito de todas as emoções?
-Foi um sofrimento em todos os jogos. Tivemos encontros muito sofridos, mas conseguimos. Se dormi mal na semana passada? Claramente. Dormi muito mal.
Em julho de 2019, o clube adquiriu a maioria da SAD aos investidores chineses e recuperou o controlo da mesma. Foi a partir daí que se começou a desenhar esta subida?
-Sim. Temos uma SAD com investidores da terra, que gostam do clube e isto também contribuiu para uma maior capacidade de mobilização das pessoas.
Chegar à Liga SABSEG com uma SAD de pessoas da terra é quase como ter um clube que ainda funciona à moda antiga, por carolice?
-Queremos que o Torreense represente bem o Oeste e que seja genuíno. Sentimos que o clube é mesmo nosso. A autarquia também tem ajudado, estamos a construir campos novos para as camadas jovens e agora temos de tratar do estádio.
Voltar a alienar a SAD é um cenário que não se coloca?
-Não sou o proprietário da SAD, mas a ideia para já não é essa. Podemos abrir o capital, contudo o controlo será sempre nosso.
Na época passada morreram na praia e ficaram às portas da subida. Era algo que já estava planeado?
-O nosso primeiro ano foi muito difícil. A inscrição foi feita no último dia, porque o antigo proprietário não o tinha feito, e fizemos uma equipa para nos mantermos. No ano seguinte planeámos a temporada com o objetivo de subir, ficámos com os mesmos pontos do E. Amadora, mas não conseguimos. Esta temporada, as coisas não começaram bem, mas felizmente fomos bem sucedidos.
Trocar Daúto Faquirá por Nuno Manta foi uma aposta ganha?
-Claramente. É uma pessoa com conhecimento, que nos veio ajudar bastante. No início foi necessário que o plantel e o treinador se conhecerem mutuamente, mas depois encarrilámos.
Tencionam manter Nuno Manta?
-Sem dúvida nenhuma, só se houver alguma diferença entre as partes. Temos de falar.
Depois deste feito, o facto de se tratar de um treinador com passado de I Liga pode fazer com que seja difícil segurá-lo?
-Tem qualidade para isso. Podem surgir convites da I Liga, mas se houver abordagens da Liga SABSEG, espero que ele fique connosco.
Depois de vencerem o Alverca, por 2-0, e terem conseguido vantagem no confronto direto, sentiu que a partir daí a subida dificilmente fugiria?
-A partir daí sentimos que a subida estava quase concretizada. Tínhamos dois jogos para fazer três pontos, que podiam nem ser precisos. No Felgueiras não correu bem e depois viemos festejar a casa.
Há quantos anos não via o estádio à pinha?
-Desde um jogo com o Rio Ave, para a Taça de Portugal, há uns 10 ou 12 anos. Espero que possamos manter-nos assim, todos juntos.
Por falar no estádio, requalificar o Manuel Marques é o próximo passo?
-Temos uma inspeção da Liga marcada para quarta-feira [hoje], onde também estará presente a Câmara Municipal, visto que o estádio é da autarquia. Temos de ver as intervenções necessárias. Julgo que poderemos começar a próxima temporada a jogar em casa.
E agora, qual será o objetivo na Liga SABSEG?
-Vamos tentar lutar pela subida. Não queremos ficar por aqui e pretendemos que o Torreense consiga voltar à I Liga. Já temos a base do plantel.
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Presidente não prometeu mas vai a Fátima a pé
Mário Miranda explicou que não havia quaisquer festejos planeados e que foi tudo na base do improviso. "Pedimos às pessoas para não invadirem o campo no final do jogo e, em vez disso, fizemos os festejos fora do estádio. A PSP cortou a rua e fizemos uma grande festa. Depois disso, conseguimos arranjar um restaurante amigo para 50 pessoas e fomos jantar", contou.
O líder assegura não ter feito nenhuma promessa, caso a promoção fosse consumada, mas há colegas de Direção que o fizeram e Mário Miranda não os vai deixar sozinhos. "Alguns elementos prometeram ir a Fátima a pé. Eu também vou", conta.
De resto, a paixão pelo clube foi passada pelo pai. "O meu pai era dirigente quando o Torreense esteve pela última vez na I Liga. É um amor de família", vinca.