"Não estamos nos 20 jogos com mais tempo útil. Benfica-Casa Pia está em segundo"
Declarações de Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, na conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o Famalicão, referente à 33ª jornada da Liga Bwin e marcado para este sábado (20h30)
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Segunda mão da meia-final da Taça ainda no inconsciente e a questão do tempo útil: "O que é verdadeiramente importante foi o que aconteceu no último jogo. Isso é que é interessante. Obviamente que aconteceram coisas no final que não dignificam ninguém e ninguém fica contente por isso. Mas mais grave é quando se está sentado a uma mesa com toda a tranquilidade no mundo e sem ninguém a provocar emoções diferentes, e aí ser ainda mais grave algumas coisas que vêm cá para fora, que vejo, leio e assistiu. Ali é 'normal'. Não é normal, mas há muitas emoções à flor da pele. À medida que o campeonato vai caminhando para o final, é natural que essas emoções venham cá para fora com mais facilidade. Acho que se dá muito protagonismo aos treinadores dos quatro grandes e pouco aos outros treinadores e equipas técnicas que fazem um trabalho fantástico. Por vezes, sinto mais dificuldades em enfrentar equipas teoricamente mais acessíveis do que a jogar na Liga dos Campeões, sinceramente. Trabalha-se muito bem em Portugal e não se dá o devido mérito, e depois as pessoas também se chateiam, ficam saturadas por não terem algum protagonismo. Alguns treinadores já me chamaram mal educado, mal formado, querem duelos comigo, uma provocação incrível porque querem ter protagonismo e aparecer, têm todo o direito disso. Toda a gente devia dar mais mérito a estas pessoas que trabalham e trabalham muitíssimo bem. É o que tenho a dizer e vamos encontrar dificuldades dentro do jogo. Já conversarmos sobre o tempo útil de jogo. Nos 20 jogos mais tempo útil de todo campeonato até este momento, tive curiosidade em ver e nós não estamos lá. E, por acaso, o segundo jogo com mais tempo útil de jogo é o Benfica-Casa Pia, com 65%, salvo erro. Quando aqui houve 40 ou 50 e tal por cento. Mas eu aceito isto, estrategicamente é normal. As equipas técnicas adversárias, pela qualidade que têm, percebem alguns pontos fortes do FC Porto, a intensidade, a agressividade, a forma como mete o ritmo alto, e há várias formas de quebrar isso. Pode ser a jogar, tirando a bola e essa características, ou de outra forma, com essa tal agressividade, parando mais o jogo, provocando de uma forma ou outra os próprios jogadores, dentro dessa tensão competitiva, por vezes acontece e o treinador não vai pedir isso ao jogador. É natural do próprio jogo."
Jogadores menos utilizados: "São extremamente importantes. Quando somos apaixonados não há saturação. Vivemos com intensidade e no máximo todos os dias. O problema da saturação é outro, tem a ver com grande parte do que falei nesta conferência. Por algo que amo fazer, pode haver dias mais ou menos felizes, mas estou a fazer o que amo e os jogadores têm de pensar exatamente da mesma forma. Aparecem nos jornais, são conhecidos, ganham bem para terem uma vida fantástica com as suas famílias. Têm o privilégio de fazerem aquilo que gostam. Deparo-me com realidades completamente diferentes no meu dia-a-dia. Pessoas que se levantam às 5 da manhã para trabalhar e chegam à noite, nem têm tempo para ver os filhos, mas não é porque eles vão para o quarto jogar Playstation, que não têm isso. Têm outros problemas da vida, outros trabalhos. Nós? Nós somos uns privilegiados. Saturação de quê? De escolher amanhã um restaurante estrela Michelin para ir almoçar ou jantar com a família, de beber uma boa água... Algum cansaço sim, admito por tudo o que não tem a ver com futebol, que é o mais importante."
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