"Mustafá não ia aceitar um plano com encarapuçados, por isso não falei com ele"
Valter Semedo é arguido no ataque à Academia do Sporting e falou esta quarta-feira em tribunal.
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Valter Semedo, um dos arguidos do ataque à Academia do Sporting, foi esta quarta-feira ouvido em tribunal. Depois de explicar o que se passou no interior das instalações, falou sobre Mustafá, líder da Juventude Leonina.
"A minha relação com os casuals não era do agrado do Mustafá e não lhe contava tudo, apesar de ser próximo dele. Se falasse com ele sobre a Academia sabia que ia contactar alguém do Sporting para marcar a visita. Como a final da Taça era próxima pensei que o clube ia, certamente, recusar. O Mustafá não ia aceitar um plano com encarapuçados e foi por isso que não falei com ele", explicou em tribunal.
"Em abril tínhamos tido uma reunião com o Bruno de Carvalho na casinha, onde ele foi desculpar-se pelos posts a seguir ao jogo com o Atlético de Madrid. Nessa reunião houve quem dissesse ao presidente que ele tinha de sair e que não era digno de estar no clube. Ficou combinado fazer tarjas para dar apoio aos jogadores e para mostrar ao presidente que ele tinha estado mal", disse ainda Valter Semedo, mostrando arrependimento.
"Olhando para a maneira como via o futebol na altura percebo que era um adepto que não fazia bem ao desporto. Achámos que tínhamos o direito de mostrar o descontentamento. Estou bastante envergonhado por toda a situação. Foi um momento de maior estupidez e maior loucura", atirou. "Quando escrevi no Whatsapp que era para 'bater mesmo' foi uma situação de bazófia entre conhecidos", assegurou.
O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
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Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.