"Muitos votos eram anulados porque tinham as iniciais do nome de um não candidato"
ENTREVISTA (Parte 2) - Matos Fernandes viu iniciais do nome de um não candidato em votos nulos. Quem sabe em 2024.
Corpo do artigo
12303643
Como interpreta o aparecimento de quatro listas diferentes nestas eleições?
-É um sinal de vitalidade e de pluralismo, embora me parecesse que o debate foi razoavelmente modesto e um bocadinho pobre. E não foi por falta de oportunidade e de condições logísticas, porque todas as listas que pediram o auditório Sardoeira Pinto para fazer os seus esclarecimentos e transmitirem as suas ideias ouviram um sim imediato. Não foram lá mais vezes, porque não quiseram. Datas, horas, tudo à vontade dos interessados. Não me pareceu que houvesse propostas que seduzissem e os associados não quiseram trocar o certo pelo duvidoso. Por outro lado, suponho que os hipotéticos candidatos à sucessão, que inevitavelmente terá de acontecer, se resguardaram. Mas posso cometer uma meia inconfidência. Todos os votos nulos passaram pelo meu crivo e muitos eram anulados porque tinham as iniciais do nome de alguém que não era candidato. Era claramente uma intenção para o futuro. Portanto, tudo indica que, daqui a quatro anos, as movimentações terão protagonistas com outro peso.
"Muitos votos eram anulados porque tinham as iniciais de um nome que não era candidato"
Eram as iniciais de André Villas-Boas?
-Não vale a pena tentar adivinhar, porque isso não posso dizer.
Afirmou que os estatutos devem ser revistos. Em que pontos?
-Temos de melhorar o conjunto de normas que têm que ver com o processo eleitoral. Por exemplo: dois meses antes uma candidatura diz quem vão ser os presidentes aos diversos órgãos sociais e dez dias antes indica o resto da lista, mas é perfeitamente natural que outras candidaturas queiram impugnar esses nomes e nessa fase não está previsto um contencioso eleitoral. Talvez seja excessivo o prazo de dois meses para a apresentação das candidaturas, como não pode continuar a haver um prazo tão minguado para as completar.
"TEM DE SE INSTITUIR O VOTO ELETRÓNICO"
O que lhe parece o atual sistema de voto?
-Este sistema de voto presencial não pode existir, porque o clube há muito que não é regional, nem sequer nacional, e há pessoas que pela distância ficam injustamente privadas de participar na eleição. O voto eletrónico tem de ser instituído. Achei interessante que um candidato tenha feito campanha no Alentejo. Imagino quantos alentejanos foram ao Dragão Arena exercer o seu direito de voto.
Está disponível para ajudar na correção dos estatutos?
-Posso antecipar que já prometi fazer sugestões a quem me sucedeu para que, com a experiência que adquiri, se possam fazer algumas correções às normas estatutárias e, consequentemente, ao regulamento eleitoral. Aliás, é um dever meu de associado. Mas comissões e grupos de trabalho com mais do que uma pessoa são um exagero. Ao presidir, por inerência, ao CS, descobri, na primeira reunião, que os estatutos mandavam fazer um regulamento para o órgão que ninguém tinha feito. E eu, espontaneamente, ofereci-me para o fazer com 11 ou 12 artiguinhos simples. Não queira saber a dificuldade que houve. Só à terceira ou quarta tentativa foi possível, com cabeça, tronco e membros, pô-lo cá fora. Os estatutos será mais difícil, mas tem de ser.